Negociador do Hamas anuncia acordo e fim da guerra em Gaza

Atualizado em 9 de outubro de 2025 às 17:18
Khalil Al-Hayya, negociador do Hamas. Foto: reprodução

O Hamas chegou a um acordo com Israel para determinar o cessar-fogo permanente na Faixa de Gaza e o consequente fim definitivo da guerra que completou dois anos no último dia 7. A declaração foi feita por Khalil al-Hayya, chefe da delegação de negociadores palestinos, que está no Egito, nesta quinta-feira (9).

De acordo com o al-Hayya, o grupo palestino recebeu garantias dos mediadores do acordo de paz, representantes dos Estados Unidos, Catar e Egito, de que os pontos do acordo serão cumpridos por Israel.

“Recebemos garantias dos irmãos mediadores e da administração americana, todos confirmando que a guerra terminou completamente, e continuaremos a trabalhar com as forças nacionais e islâmicas para completar as etapas restantes, trabalhar para alcançar os interesses do povo palestino, sua autodeterminação e a realização de seus direitos até o estabelecimento de seu Estado independente, com Jerusalém como capital”, declarou o chefe da equipe de negociadores do Hamas.

Neste primeiro momento, a expectativa é que reféns israelenses sejam libertados de Gaza, em troca de quase 2 mil prisioneiros palestinos detidos por Israel. Além disso, acrescentou al-Hayya, estão previstas a retirada gradual de tropas israelenses do enclave e a entrada de ajuda humanitária na região.

Após dois anos de conflito, Israel e Hamas chegaram a um consenso sobre o fim da guerra em Gaza e assinaram, na quarta-feira (8), a primeira fase do plano de paz proposto por Trump. O fim do conflito, anunciado pelo presidente dos EUA, agora depende da aprovação do Gabinete de Israel.

Crianças palestinas vítimas de Israel. Foto: Motaz Azaiza/UNRWA

Al-Hayya atuou como negociador-chefe do grupo nas conversas sobre o plano de paz proposto pelos Estados Unidos para a Faixa de Gaza. A guerra começou em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas lançou um ataque que resultou na morte de mais de 1.200 pessoas e no sequestro de outras 251. Desde então, mais de 60 mil palestinos morreram em Gaza, segundo dados de autoridades ligadas ao grupo.

Até a última atualização desta reportagem, ministros do governo israelense estavam reunidos para discutir a aprovação oficial do acordo. Um porta-voz de Israel afirmou que o cessar-fogo começará em até 24 horas após a ratificação do tratado.

Um dos pontos cruciais exigidos por Israel para o avanço do acordo de paz é que o Hamas deixe o governo de Gaza e entregue as armas. Mais cedo, uma autoridade do grupo afirmou que “nenhum palestino aceita o desarmamento”.

Itamar Ben-Gvir, líder do partido de extrema-direita que integra a coalizão do governo israelense, afirmou que derrubará a gestão de Benjamin Netanyahu caso ele fracasse em desmantelar o Hamas.

Entre as várias condições impostas no acordo de paz na Faixa de Gaza alcançado por Israel e o Hamas na quarta-feira, está a devolução, pelo grupo terrorista, dos corpos de reféns mortos em cativeiro. No entanto, este pode ser um dos principais gargalos para que o acordo efetivamente entre em vigor.

Isso porque, segundo a imprensa norte-americana e israelense, o Hamas não sabe onde estão alguns corpos. Nesta quinta-feira, a Turquia anunciou que uma força-tarefa com autoridades estrangeiras foi montada para ajudar o Hamas a encontrar esses corpos por diferentes localidades da Faixa de Gaza.

O plano de paz foi apresentado no fim de setembro por Trump e negociado com a mediação de Egito, Catar e Turquia. Na primeira etapa do acordo, todos os reféns mantidos pelo grupo terrorista desde outubro de 2023 serão libertados. Em troca, Israel irá soltar prisioneiros palestinos.

Além disso, tropas israelenses que estão na Faixa de Gaza devem recuar de suas posições. O território palestino também receberá mais caminhões de ajuda humanitária, com a entrega de comida, água e medicamentos.

A proposta apresentada pelos Estados Unidos prevê que o Hamas terá até 72 horas para libertar todos os reféns, vivos ou mortos. Israel estima que, dos 48 reféns, apenas 20 estejam vivos. Por outro lado, a imprensa americana informou que o grupo terrorista pediu mais tempo para devolver os corpos das vítimas que morreram.

O Hamas alega que não sabe onde estão todos os corpos dos reféns mortos e que precisa realizar buscas para localizar os desaparecidos. Em troca, a expectativa é que Israel liberte quase 2 mil prisioneiros palestinos, incluindo condenados à prisão perpétua.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, comemorou o acordo e ressaltou a libertação dos reféns mantidos pelo grupo. Ele disse ainda que se reunirá com a cúpula do governo na quinta-feira para a aprovação interna do tratado. “Um grande dia para Israel”, publicou em uma rede social.

“Esse é um sucesso diplomático e uma vitória nacional e moral do Estado de Israel.” Em nota, o Hamas elogiou o trabalho de Catar, Egito e Turquia na mediação do cessar-fogo e agradeceu os esforços de Trump para o fim definitivo da guerra.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.