Negociar com os partidos fisiológicos faz parte do jogo. Por Luis Felipe Miguel

Atualizado em 19 de julho de 2023 às 13:53
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o presidente Lula. Foto: Reprodução

É preciso fazer política com realismo. Ninguém duvida disso.

Seria bom se ministros fossem nomeados pela competência para exercer o cargo e pelo compromisso com um projeto vitorioso nas eleições, não por serem cupinchas de Arthur Lira.

Seria ótimo ter um Congresso que não fosse dominado por oportunistas, pistoleiros e malfeitores. Ou força de mobilização popular para barrar os piores absurdos.

Mas não dá para fingir que o mundo é diferente do que é. Então, negociar com os partidos fisiológicos, fazer concessões e reduzir as expectativas, tudo isso faz parte do jogo.

Não é como se fosse, até agora, um governo puro. A ministra que sai é Daniela do Waguinho. Está cheio de golpistas de 2016 no ministério. O vice-presidente é Geraldo Alckmin.

O problema é que Celso Sabino representa um passo à frente, por sua ligação estreita com o bolsonarismo.

Pelas mãos de Jair, ele foi líder da maioria no Congresso. Deixou o PSDB para se filiar ao PSL, que era então o partido de Bolsonaro. Exibiu seu apoio nas redes sociais, em fotos ao lado do hoje inelegível. Fez elogios ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, de triste memória.

Agradar Lira para garantir a “base parlamentar” do momento é uma coisa. Mas, para dar um pouco mais de solidez à democracia que tentamos reconstruir, é preciso demarcar um cordão sanitário em volta do bolsonarismo.

Seria preciso dizer: quem se refestelou no governo Bolsonaro terá estatuto de pária daqui para a frente, no governo democrático.

Premiar um sujeito como Sabino com um ministério não é a melhor maneira de passar esse recado.

Publicado originalmente no Facebook do autor

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