Publicado originalmente no blog Tijolaço
POR FERNANDO BRITO
Quem pensa que os efeitos da entrevista de Sergio Moro ao Roda Viva, ontem, serão tão inexpressivos quanto foi o conteúdo do programa, com o tom autocrático e peremptório de ministro, creio eu, engana-se.
Bolsonaro e seu núcleo não devem estar, a esta hora, ruminando a suposta “disciplina hierárquica” de Moro, ao dizer que não lhe cabe dar opiniões sobre ações e declarações do chefe.
É evidente que isso é forma pretensamente “esperta” de repetir o velho bordão de um personagem de Jô Soares: “não me comprometa!”
Tenta manter, assim, uma distância pretensamente saneadora, como se pudesse permanecer limpo quem está – e faz parte – dentro do pântano.
E, portanto, em condições de ser candidato sem a mácula de ser bolsonarista.
Moro é assim: encoberto, calculista e, afinal, um ser primário.
Mais, até, que o próprio chefe, que lhe percebe os planos.