
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, reagiu nesta sexta-feira (24) às sanções impostas contra ele, sua esposa e seu filho pelo governo dos Estados Unidos. Em publicação nas redes sociais, o líder colombiano classificou a decisão como um “grande paradoxo” e afirmou que não pretende se curvar às pressões de Washington.
“A ameaça de Bernie Moreno foi de fato cumprida; minha esposa, meus filhos e eu fomos incluídos na lista do OFAC. Meu advogado de defesa será Dany Kovalik, dos Estados Unidos. Combater o tráfico de drogas com eficácia por décadas me traz esta medida do governo da sociedade que tanto ajudamos a acabar com o uso de cocaína. Um grande paradoxo, mas nem um passo para trás e nunca de joelhos”, escreveu.
Efectivamente la amenaza de Bernie Moreno se cumplió, yo y mis hijos y mi esposa entramos a la lista OFAC.
Mi abogado en mi defensa será Dany Kovalik de los EEUU.
Luchar contra el narcotráfico durante décadas y con eficacia me trae está medida del gobierno de la sociedad que…
— Gustavo Petro (@petrogustavo) October 24, 2025
As sanções, anunciadas pelo Departamento do Tesouro dos EUA, bloqueiam todos os bens de Petro e de seus familiares localizados em território americano e proíbem qualquer tipo de transação financeira com cidadãos ou empresas dos Estados Unidos.
Segundo o departamento, a medida foi tomada com base na Ordem Executiva 14059, que autoriza o governo a sancionar estrangeiros envolvidos em atividades ligadas ao comércio internacional de drogas ilícitas.
Em comunicado, o Tesouro justificou as penalidades alegando que “sob o governo de Petro, a produção de cocaína na Colômbia atingiu níveis recordes” e que o presidente teria “proporcionado benefícios a organizações narcoterroristas”.
O secretário do Tesouro, Scott Bessent, declarou que, desde 2022, “a produção de cocaína na Colômbia atingiu o ritmo mais rápido em décadas, inundando os Estados Unidos e envenenando os americanos”.
De acordo com a decisão, todas as propriedades, contas bancárias e investimentos sob controle de Petro e de seus familiares devem ser reportados ao Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC). O texto também estabelece que empresas ou entidades nas quais o presidente colombiano detenha mais de 50% de participação direta ou indireta terão seus ativos congelados.
🇺🇸 O Departamento do Tesouro dos EUA sancionou o presidente colombiano Gustavo Petro, sua esposa, filho e um aliado por supostas ligações com o narcotráfico. Segundo Washington, Petro permitiu a expansão de cartéis e falhou em conter a produção de cocaína pic.twitter.com/4tQLVkoxfQ
— Jeff Nascimento | jnascim.info no Bsky (@jnascim) October 24, 2025
A legislação americana proíbe qualquer transação envolvendo indivíduos ou instituições sancionadas sem autorização expressa do OFAC. Isso inclui transferências de recursos, fornecimento de bens e prestação de serviços.
As penalidades para quem descumprir a regra podem ser civis ou criminais, com base na chamada “responsabilidade objetiva”, que dispensa a comprovação de intenção para aplicação das sanções. O governo dos EUA destacou ainda que instituições financeiras e pessoas físicas que mantiverem vínculos com os sancionados também poderão ser punidas.
A medida, segundo analistas, representa um dos maiores embates diplomáticos recentes entre Washington e Bogotá, agravando a tensão que já vinha crescendo desde as críticas de Petro aos bombardeios americanos no Caribe e no Pacífico.
Na Colômbia, a reação de Petro foi interpretada como um recado político. O presidente reafirmou sua disposição de manter uma política independente em relação aos EUA e acusou o governo Trump de “instrumentalizar a luta antidrogas” para fins geopolíticos.
Segundo ele, as sanções não enfraquecerão seu governo nem sua agenda de reformas sociais. Fontes diplomáticas em Bogotá afirmam que o chanceler colombiano convocou o embaixador dos Estados Unidos para prestar esclarecimentos sobre as medidas.