Nem vegetariano e nem carnívoro: a “Terceira Via”

Atualizado em 17 de março de 2013 às 5:45

Que tal ser vegetariano de segunda a sexta e comer carne no fim de semana?

"Parar de comer carne estava acima do poder de sua vontade. Então ele olhou para o dilema de outro ângulo e encontrou uma solução pessoal. Virou um 'vegetariano de dia da semana'."
“Parar de comer carne estava acima do poder de sua vontade. Então ele olhou para o dilema de outro ângulo e encontrou uma solução pessoal. Virou um ‘vegetariano de dia da semana’.”

GRAHAM HILL tinha um problema.

Ele é um militante verde. Fundou o TreeHugger, um site que é chamado de “CNN do meio-ambiente”. Entre as atrações do TreeHugger está um noticioso de 100 segundos sobre novidades verdes. (“TreeHugger” é abraçador de árvore, em português.)

E ele come carne. Esta a questão. Porque ele sabe bem o impacto da carne no meio ambiente. Palavras dele mesmo: a emissão de todos os meios de transporte combinados — carro, avião, trem etc — é menor do que a gerada, sozinha, pela carne.

Não bastasse isso, Hill tinha uma questão moral. Números dele mesmo: a indústria da carne abate a cada ano 10 bilhões de animais criados em situação que jamais desejaríamos para nossos cães e gatos.

E ainda havia o ponto da saúde. A estatística que o incomodava: comer um hambúrguer por dia aumenta em um terço sua chance de morrer.

O que fazer?

Parar de comer carne estava acima do poder de sua vontade. Então ele olhou para o dilema de outro ângulo e encontrou uma solução pessoal. Virou um “vegetariano de dia da semana”. De segunda a sexta, não come carne. No fim de semana, está liberado. “Eu pensava em termos binários”, diz ele. “Ou ser vegetariano ou ser carnívoro. Encontrei uma Terceira Via.”

Ele contou essa história a um grupo de pessoas numa palestra promovida pelo TED, um grupo não lucrativo dedicado a espalhar idéias que valham a pena. Essas palestras são encontradas no site do TED e também em outras plataformas, como seu canal no YouTube.  Uma pausa de menos de cinco minutos para ver o vídeo. O artigo continua depois.

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A edição é primorosa. Para alcançar mais pessoas, os vídeos têm legendas na maior quantidade possível de línguas. O trabalho de tradução é  feito por voluntários de vários países. O conteúdo final recebe a contribuição milionária dos comentários das pessoas que vêem os vídeos. Gosto, particularmente, de um mecanismo: você recomenda os comentários que o impressionam. Você dispõe também de transcrições e links suplementares. Fundado em 1984, o TED se concentrava antes, como está nas iniciais, em tecnologia, entretenimento e design.  Hoje o repertório é muito maior.

Recomendo algumas palestras que vi:

1) A jovem ambientalista brasileira Juliana Machado Ferreira. Ela é uma apaixonada e articulada soldada no combate ao tráfico de animais.

2) O jornalista David Griffin, editor de fotografia da National Geographic, a revista que publica as melhores fotos do mundo há mais de 100 anos. Griffin dá uma aula de foto com exemplos práticos extraídos da NG.

3) A música Pamelia Kurstin, uma virtuose do theremin, um instrumento pioneiro no som eletrônico. Você extrai um som parecido com o de um sintetizador ou acordeão sem tocar no instrumento. Parece mágica. Com o piano, o theremin faz uma dupla incrível, como você pode verificar.

Assino o canal do TED no YouTube e recebo, pelo email, correspondência que me inteira de novidades. A fala de Graham Hill estava na última mensagem que recebi, hoje. Não sou militante verde como Hill, mas também tenho uma questão na consciência que, se não me devasta, me pica com desconfortável frequência.

A solução “não binária” de Hill me fará pensar.

Talvez esteja aí a solução para um antigo problema meu.