Nenhum candidato ligado ao golpe terá chance nesta eleição, avalia Jessé Souza

Atualizado em 25 de agosto de 2018 às 8:58

A seguir, trechos do artigo de Jessé Souza, publicado na Carta Capital.

A atual eleição é incompreensível sem o golpe de 2016. Lembremos que as disputas municipais de 2016, sob a ação do conluio entre a mídia venal e a Lava Jato, dizimaram o PT e fizeram o PSDB renascer das cinzas.

O quadro político hoje é completamente diferente. Lula tem quase 40% dos votos válidos e Bolsonaro quase 20%. O candidato diretamente golpista mais bem colocado, Geraldo Alckmin, tem menos de 5% das intenções de voto.

Embora não tenha havido nem aprendizado coletivo real nem debate público articulado, o povo não é imbecil. O cheiro é de coisa podre e todos o sentem. A grande dificuldade do conluio golpista comandado pela mídia venal e pela “casta jurídica” do Estado, ansiosa por mesquinhos dividendos corporativos de curto prazo, é o fato de serem lacaios de um capitalismo rentista não só improdutivo como abertamente fraudulento e destrutivo.

O País é literalmente assaltado pela pirataria rentista e o povo empobrece a olhos vistos. Este é o real pano de fundo das eleições.

Lula cresce a cada dia posto que é a memória viva de quando as coisas eram diferentes e melhores. Ainda que não tenha havido uma reconstrução coletiva consciente dos motivos inconfessáveis do golpe, essa lembrança basta como esperança para muita gente.

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Bolsonaro monopoliza o voto não da esperança, como Lula, mas do protesto desesperado. Qualquer idiota percebe que a corrupção, tanto a ilegal quanto a legalizada pela captura do Estado pelo sistema financeiro, só fez aumentar. O contexto social, ademais, é marcado pelo cinismo e pela hipocrisia diária da mídia tradicional, do Ministério Público e do STF, assim como das demais instâncias da “casta jurídica”.

Bolsonaro é a reação de quem se sentiu enganado pelos justiceiros que prometeram “limpar” o Brasil e entregaram o galinheiro às raposas. É o pessoal que percebe a “crise moral” como a verdadeira crise do País. Para eles, Bolsonaro é a honestidade rebelde e enraivecida como a deles mesmos.

(…)

Pessoalmente, posso estar enganado, não acredito que ninguém ligado ao golpe, ainda que com todos os minutos de tevê do mundo e todo o apoio da mídia desacreditada, consiga chegar ao segundo turno. São os perdedores do golpe e da consequente rapina que irão decidir as eleições de 2018.

(…)

À dita esquerda cabe a responsabilidade da denúncia corajosa dessa gigantesca fraude como forma de alimentar a esperança, de modo a possibilitar que esta vença o desespero da raiva e do medo.

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Para ler o artigo na íntegra, acesse o site da Carta Capital.