“Neoliberalismo anacrônico”, diz Mercadante sobre críticas aos estímulos à indústria naval

Atualizado em 28 de janeiro de 2024 às 13:16
Presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante. Foto: Cristiano Mariz

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, disse que as críticas aos estímulos à indústria naval brasileira derivam de um “neoliberalismo anacrônico”.

Em entrevista à Coluna do Estadão, Mercadante negou o retorno de um BNDES do passado, conhecido por políticas menos eficazes no setor marítimo durante os primeiros governos do PT.

Na primeira fase do governo petista, o BNDES investiu bilhões de dólares em novos estaleiros que acabaram em recuperação judicial. Mercadante enfatizou a importância de “aprender com os erros do passado” e de observar “o que o mundo está fazendo de melhor”.

O ex-senador assegurou que o banco se empenhará em financiar os projetos, reduzindo os spreads (diferença entre custo de captação e empréstimo), sem depender de aportes do Tesouro Nacional.

“O que nós anunciamos é redução de spread. Não tem subsídio nenhum, não tem recurso do Tesouro, e não estamos reduzindo a taxa do Fundo da Marinha Mercante. Estamos cortando na carne para estimular investimento e dizer: precisamos de bons projetos. Vamos reduzir o spread para ativar o setor”, disse o presidente do BNDES.

Mercadante ressaltou que o cenário global mudou, com os Estados Unidos, União Europeia e China investindo na reindustrialização em larga escala. O político também apontou para a necessidade urgente de renovar a frota, pois a Organização Marítima Internacional começará a multar navios movidos a combustíveis fósseis a partir de 2030.

Na análise de Mercadante, a soja brasileira pode encarecer de 15% a 30% mais cara para exportação se as embarcações forem sobretaxadas.

“Temos um cenário desafiador e totalmente novo, porque a produção de motores com energia renovável é uma pauta nova. Precisamos ter a ambição de disputar o mercado, e vai ser fundamental ter uma frota com combustível renovável”, afirmou.

“Há uma disputa na reorganização das cadeias de valores. Precisamos ter a ambição de disputá-la. Como temos matriz energética limpa e temos uma grande liderança em etanol, biocombustíveis, o Brasil pode sair na frente”, completou.

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