
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, culpou no sábado (28) o Exército e a inteligência interna do país pela falta de avisos prévios sobre o ataque surpresa do Hamas em 7 de outubro.
Em publicação no X (antigo Twitter), o líder israelense afirmou que “sob nenhuma circunstância” foi avisado sobre as intenções do Hamas.
Netanyahu ainda disse que “todos os oficiais de segurança, incluindo o chefe da inteligência militar e o serviço de inteligência interna do país, asseguraram que o Hamas estava intimidado e aguardava uma negociação”.
A publicação do premiê gerou conflito dentro de seu próprio Gabinete de Guerra. Entre os primeiros a criticar os comentários de Netanyahu estava Benny Gantz, ex-ministro da Defesa e líder do partido opositor.
Embora muitos altos funcionários, incluindo chefes militares e de segurança, bem como o ministro da Defesa, Yoav Gallant, tenham assumido alguma responsabilidade pelo despreparo de Israel, Netanyahu recusou-se a fazer o mesmo.
Essa postura contribuiu para uma queda adicional na confiança pública em sua liderança, que já estava abalada devido a questões anteriores. Netanyahu esteve no poder durante 14 dos últimos 16 anos.
As pesquisas de opinião realizadas desde 7 de outubro indicam uma confiança crescente nas Forças Armadas e uma queda significativa da fé nos funcionários governamentais.

Em uma tentativa de demonstrar unidade, o governo realizou uma coletiva de imprensa no sábado com Netanyahu, Gallant e Gantz. Muitas das perguntas se concentraram na responsabilidade pelo ataque do Hamas.
Horas depois, Netanyahu tentou direcionar a culpa para o sistema de segurança, especificamente para os chefes da Inteligência militar e para a agência de segurança interna, Shin Bet.
O líder centrista da oposição, Yair Lapid, disse que Netanyahu “ultrapassou a linha vermelha” e que “enquanto os soldados e comandantes estão lutando valentemente contra o Hamas e o Hezbollah, ele está tentando culpá-los, em vez de apoiá-los”.
A líder do Partido Trabalhista, Merav Michaeli, escreveu que “enquanto nossos filhos estão comendo ração de guerra na Faixa de Gaza…Netanyahu fica em seu escritório, com charutos e champanhe, e culpa os comandantes do Exército pelo desastre do Simchat Torá”.
Em seguida, Netanyahu excluiu a postagem e pediu desculpas. “Eu estava errado. As coisas que eu falei não deviam ter sido ditas. Eu me desculpo por isso. Dou total apoio às lideranças das Forças Armadas”, escreveu.