Neymar, o craque do YouTube

Atualizado em 30 de outubro de 2013 às 2:44

Para ser craque também no campo, ele tem que jogar bem mais.

Muita pose e pouco futebol
Muita pose e pouco futebol

Ladies & Gentlemen:

Cometi o desatino de, na noite de segunda, enfrentar o frio moscovita de Londres para ver a seleção brasileira no Stamford Bridge, o estádio do Chelsea.

No começo do segundo tempo, não resisti e fui embora. Não fui batido pelo frio, que não incomoda o Velho Scott, modéstia à parte. Fui massacrado pelo mau futebol.

E pela irritação com Neymar, admito.

Um amigo meu jornalista esportivo aqui de Londres cunhou uma expressão que, temo, pode definir Neymar, se ele não mostrar muito mais do que tem mostrado, principalmente no exterior: craque de YouTube.

Bem, contra a Rússia Neymar não contribuiu sequer para o YouTube. Não fez um grande lance. Sua participação mais notável foi uma cotovelada num russo.

Ladies & Gentlemen.

Temo pela Canarinha, para usar a palavra carinhosa com que Boss se refere ao time brasileiro.

Não me parece que o Brasil tenha muitas chances, hoje, contra a Argentina de Messi e a Espanha dos demais jogadores do Barça.

Ronaldinho Gaúcho não pode ficar fora do time em hipótese nenhuma. É perigoso o tempo todo, desde que o técnico lhe dê confiança, o que significa, essencialmente, não tirá-lo do time aos 15 do segundo tempo todo jogo.

Pelé disse uma coisa que faz todo o sentido: pegar o Corinthians como base e acrescentar alguns jogadores.

Você encurta o caminho. O entrosamento está garantido. A receita do título espanhol de 2010 foi essa: entrosamento porque a base era o Barcelona.

O Almighty, lembremos, é campeão do mundo. Bateu o time que bateu o Barcelona, o que diz tudo.

Acrescente à base do Corinthians alguns jogadores, como Gaúcho e, caso evolua, Neymar e pronto: a Canarinha estará competitiva.

É preciso ter coragem para fazer isso, admito. Mas, sem coragem, você não desce até a rua para comprar uma latinha de cerveja na mercearia do indiano ali na esquina.

Sincerely.

Scott

Tradução: Eriza Kazumi Nakamura

Aos 53 anos, o jornalista inglês Scott Moore passou toda a sua vida adulta amargurado com o jejum do Manchester City, seu amado time, na Premier League. Para piorar o ressentimento, ele ainda precisou assistir ao rival United conquistando 12 títulos neste período de seca. Revigorado com a vitória dos Blues nesta temporada, depois de 44 anos na fila, Scott voltou a acreditar no futebol e agora traz sua paixão às páginas do Diário.