Nigella é vítima de uma era em que chefs viraram rock stars

Atualizado em 24 de outubro de 2014 às 15:57
Ela
Ela

 

Keith Richards é um dos maiores guitarristas da história do rock. Gosto especialmente de seus riffs. Seus discos solo, então, são um tapa na cara do pavão Mick Jagger.

À parte a música, não faltam histórias sobre seu abuso de tudo quanto é tipo de droga, durante décadas.

Na verdade, pouco me interessa seu estilo de vida. Do músico, fico com a música. Que as revistas de fofoca cuidem do resto.

Acontece que, nos dias de hoje, alguns chefs de cozinha têm status de rock star. Se existe alguma dúvida disso, basta dar breve zapeada nos canais de tv a cabo, em qualquer horário, e constatar a enorme quantidade de programas culinários, para todos os gostos, quase sempre com um chef como apresentador.

Claro que tem muita porcaria. Mas, obviamente, tem coisa boa também. Nigella é uma delas.

Nesses tempos de culto ao corpo, é ótimo ver uma sex symbol com mais de 50 anos assaltar a geladeira atrás de um doce, na madrugada, e lamber a colher eroticamente.

E boa parte de suas receitas funcionam. Em seu show, Nigella ensina a fazer comida simples e gostosa.

Faz parte do entretenimento o espectador olhar seu ousado decote, enquanto ela se insinua com o pau de macarrão. Nigella cozinha eroticamente. É uma heroína, a mulher que muitos fantasiam em ter, em ser a mãe de suas filhas.

Envelhecer linda, tomando vinho e comendo bacon, é para poucas.

Goste-se ou não, essa é a sua fórmula de sucesso, consagrada mundialmente.

Eu gosto, assisto e meus interesses nela acabam junto com seu programa.

Nessa semana veio à tona uma fofoca terrível. Duas ex funcionárias tinham livre uso a seu cartão de crédito para não contar ao seu então marido, o empresário Charles Saatchi, sobre seu uso compulsivo de cocaína. As meninas abusaram, gastando o equivalente a mais de um milhão de reais. No meio do divórcio, a notícia vazou.

Olha, se é verdade que ela usou muita cocaína durante tanto tempo e continua linda desse jeito, vejo isso como mais um mérito, já que a droga em questão não é agente embelezador. Aliás, muito pelo contrário. Estou quase acreditando que a diva em questão é uma supermulher, mesmo.

Deixem a menina cheirar em paz.

Que tal se nos ativermos apenas ao seu show? Ninguém tem absolutamente nada a ver com sua vida pessoal, que pouco interessa.

Eu continuarei assistindo. Entre a musa erótica e a cinquentona, com problemas pessoais expostos por uma mídia implacavelmente sensacionalista, fico com a primeira.

Longa vida à nossa Keith Richards de saia!

Porque do artista interessa sua arte e nada mais.