Nikolas Ferreira é alvo do MP Eleitoral por fake news e pode perder direitos políticos

Atualizado em 8 de julho de 2025 às 13:42
Nikolas Ferreira espalhando mentiras sobre o livro “Cobiça”, de Fuad Noman. Foto: reprodução

O Ministério Público Eleitoral de Minas Gerais apresentou nesta terça-feira (8) denúncia contra o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e aliados por difamação contra o então prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), durante a campanha eleitoral de 2024. A acusação pede a suspensão dos direitos políticos dos envolvidos e indenização por danos morais.

O caso se originou da divulgação de vídeos em que Nikolas Ferreira e o deputado estadual Bruno Engler (PL) criticavam o livro “Cobiça”, obra de ficção escrita por Fuad em 2020. Na peça acusatória, o MP afirma que os parlamentares agiram com “difamação” ao vincular o conteúdo do livro, que inclui uma cena de violência sexual fictícia, à gestão do então prefeito.

“De forma leviana e injusta, conectou a obra de ficção a um evento real”, afirma o MP sobre as declarações de Nikolas, que classificou o livro como “pornográfico” e afirmou que “o problema é quando a ficção vira a realidade”.

Segundo a denúncia, Nikolas não apenas descumpriu ordem judicial para remover o vídeo original de suas redes sociais em outubro de 2024, como “passou a debochar publicamente da decisão” ao publicar novo conteúdo repetindo as acusações.

“Tal ato, praticado após ciência inequívoca da ilicitude de sua conduta, demonstra o dolo intenso e a persistência na prática delitiva”, destacou o promotor Renato Augusto de Mendonça na peça acusatória. A Justiça Eleitoral havia determinado a remoção por considerar que as críticas continham “informações descontextualizadas e inverídicas”.

Veja o vídeo mentiroso de Nikolas: 

Além de Nikolas e Engler, também foram alvo da denúncia a deputada estadual Delegada Sheila (PL-MG) e a então candidata a vice-prefeita Coronel Cláudia (PL), que replicaram conteúdo similar sobre o livro. O MP pede que todos respondam por violação à legislação eleitoral.

A família de Fuad Noman, que faleceu em março deste ano após se reeleger, poderá indicar instituições de caridade para receber eventual indenização por danos morais.

A obra

O livro “Cobiça”, no centro da polêmica, é uma obra ficcional que narra a história de uma mulher que revisita memórias durante viagem ao interior mineiro. A citação específica que gerou controvérsia descreve uma violência sexual contra menor, conteúdo que, segundo defensores da obra, faz parte do desenvolvimento narrativo da trama.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.