No aniversário do golpe de 64, Bolsonaro revela a seus fãs que é uma belieber de Moro. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 31 de março de 2017 às 12:05

https://www.youtube.com/watch?v=ZBciiwddZXY

 

Nelson Rodrigues escreveu que “o medo do ridículo gera as piores doenças psicológicas.” Nesse sentido, Jair Bolsonaro é o homem mentalmente mais são do Brasil.

Neste 31 de março, aniversário da gloriosa revolução de 64, Bolsonaro deixa de presente a seus seguidores, como ele adoradores de uma ditadura, a surpresa: o mito é uma belieber.

As cenas da perseguição ao juiz Sergio Moro no aeroporto de Brasília são das coisas mais patéticas que jamais se verão. O chamado papelão, como se refere a família tradicional.

Qual uma fã de Justin Bieber enlouquecida, Jair sai correndo atrás de Moro depois de uma combinadinha básica com a pessoa que faz seus vídeos para colocar nas redes sociais.

Aproxima-se do magistrado, arfante, na esperança de um congraçamento entre irmãos de armas. Estende-lhe a mão.

E então dá-se o vexame.

Fica no vácuo. Sem ação, visivelmente consternado, bate uma continência. Depois, chafurdando no desprezo de seu ídolo, dá-lhe um triste tapinha nas costas enquanto o outro se retira rumo ao desconhecido.

Tentou faturar com Moro, o oportunista, e deu-se tremendamente mal.

Os milhões de bolsominions descobriram que a diferença entre JB e uma adolescente que vive trancada no quarto, com aparelho nos dentes e cercada de pôsteres de Luan Santana, é pouca.

Bolsonaro, na hora de se deitar, pensou no que diriam Castelo Branco, Costa e Silva, Médici, Geisel e Figueiredo, pela ordem.

Teria que ouvir um esporro e pagar 500 flexões? Seria proibido de proferir seus nomes? Qual a penalidade do exército para puxa sacos?

Sob o olhar deles, receberia choques elétricos, chineladas nas plantas dos pés e teria a cabeça enfiada num balde d’água até se afogar — tratamento dados aos “lobinhos”, como são chamados os terceiros-sargentos recém-formados?

Nada. Alguns tapinhas na bunda pra parar com essa veadagem de sair correndo atrás de marmanjo em lugar público já tá bom.

Kiko Nogueira
Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.