No Brasil bolsonarista, deputado oferece 10 mil reais a quem lhe trouxer uma cabeça. Por Sacramento

Atualizado em 12 de setembro de 2019 às 19:25

A ascensão de Bolsonaro levou ao poder uma leva de extremistas como o deputado estadual Capitão Assumção, do Espírito Santo.

O político do PSL cometeu o absurdo de usar a tribuna da Assembleia Legislativa para encomendar o autor de um homicídio ocorrido naquela madrugada.

“Quero ver quem vai correr atrás para prender esse vagabundo. (Eu tenho) R$ 10 mil reais aqui do meu bolso pra quem mandar matar esse vagabundo, isso não merece tá vivo não. […] Não vale dar onde ele está localizado não, tem que entregar o cara morto, aí eu pago”, afirmou o militar reformado, que fez o discurso fardado.

O crime ao qual Assumção se referia foi o assassinato de Maiara de Oliveira Freitas, de 26 anos. Ela foi morta a tiros na frente da filha de quatro anos por dois homens encapuzados que invadiram a sua residência, no município de Cariacica.

Uma brutalidade que de forma alguma justifica o desprezo à Constituição e aos ritos de um processo penal, elementos que estão entre os pilares de uma sociedade minimamente civilizada.

Ignorar as leis e pregar execuções sumárias é inadmissível para qualquer pessoa. Para um deputado, a conduta é abominável.

No caso da oferta de Assumção, o problema transcende questões éticas ou legais. O que ele fez pode atiçar o faro de gente ligada a grupos de extermínio.

Em um estado notório por figurar durante muito tempo entre os primeiros do país no ranking dos homicídios e por abrigar núcleos do Esquadrão da Morte e da Scuderie Le Cocq, a declaração do deputado foi extremamente perigosa.

A fala pode ser enquadrada como delito de incitação pública ao crime, conforme o artigo 286 do Código Penal. Ignorando mais uma vez a Constituição Federal, Assumção foi ao Instagram para repudiar as críticas, assustadoramente escassas por parte dos colegas parlamentares.

“Meia dúzia de mimizentos estão magoadinhos pq ofereci 10 mil pela cabeça de um bandido”, escreveu.

Mais tarde, publicou um vídeo nos stories em que exibe uma pistola e diz não estar preocupado com supostas ameaças de criminosos que teria recebido.

Deputado estadual no primeiro mandato, Assumção surfou na onda belicista provocada pela ascensão de Bolsonaro. Antes de assumir o cargo na Ales, foi deputado federal pelo PSB, entre 2009 e 2011.

Suplente, assumiu após a renúncia de Neucimar Fraga para a disputa municipal.

Não conseguiu ser reeleito. Em fevereiro de 2017, já aliado a Bolsonaro, foi preso sob a acusação de participar das articulações da greve da Polícia Militar.

Em julho, ainda detido no presídio da Polícia Militar, foi conduzido a um hospital psiquiátrico depois de tentar agredir um policial e danificar alguns objetos do local. Em dezembro do mesmo ano foi solto. No ano seguinte disputou as eleições e foi eleito pelo PSL.

Em entrevista ao portal Gazeta Online, afirmou não se arrepender do discurso. “Meu arrependimento é não ter oferecido mais dinheiro pela cabeça daquele vagabundo”.

Ou a sociedade se organiza para tirar esse sujeito por meio legais ou ele usará a ilegalidade para ferir a sociedade. É só uma questão de tempo.

Capitão Assumção e seu guru Bolsonaro