
Nesta terça-feira (21), durante discurso no evento “Democracia Sempre”, realizado em Santiago, no Chile, o presidente Lula (PT) afirmou que a “extrema direita” utiliza o comércio como instrumento de pressão e chantagem.
Sem citar diretamente o nome de Donald Trump, o chefe de Estado brasileiro afirmou: “Eles controlam algoritmos, semeiam o ódio e espalham o medo. Promovem uma guerra cultural. E instrumentalizam o comércio como instrumento de coerção e chantagem.”
O presidente alertou sobre a atuação coordenada da extrema direita em nível internacional, classificando esse movimento como um “dissenso de Washington: antidemocrático, negacionista e intervencionista”.
Segundo Lula, esse grupo ataca instituições, nega avanços científicos e ameaça a soberania de nações em desenvolvimento. Ele também criticou o uso das redes sociais como espaço sem regulação, defendendo maior controle contra discursos de ódio e ameaças à democracia.
“O que é crime na vida real deve ser crime na vida digital”, disse o presidente, ao defender a regulação das plataformas digitais.
Nos bastidores, as declarações de Lula miram Donald Trump, que anunciou um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.
A medida foi justificada como resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF. A tensão entre os dois países aumentou desde então e piorou após os EUA suspenderem o visto do ministro Alexandre de Moraes e de seus familiares.
Lula também comentou a dificuldade atual para unir governos progressistas na América Latina. “Antigamente a gente fazia reunião de governo de esquerda… está cada vez mais difícil”, lamentou.
O evento contou com líderes da Espanha, Colômbia, Uruguai, além de representantes da sociedade civil e do meio acadêmico.
Confira a publicação de Lula após o discurso:
A extrema direita organizada internacionalmente oferece um novo Consenso de Washington (ou melhor, um novo Dissenso de Washington): – anti-democrático, negacionista e intervencionista. Os inimigos da democracia não recorrem mais à diplomacia dos tanques e das canhoneiras. Eles controlam algoritmos, semeiam o ódio e espalham o medo. Promovem uma guerra cultural. Utilizam o comércio como instrumento de coerção e chantagem. Atacam as instituições, a ciência e as universidades. Solapam a solidariedade entre as nações.
A extrema direita latino-americana é subserviente e saudosa de antigas hegemonias. É anti-soberana e abdica da autodeterminação dos povos. Essa é a principal ameaça à construção de um continente integrado, desenvolvido e autônomo.
As forças progressistas precisam recuperar várias bandeiras que um dia já foram nossas. E precisamos fazer isso unidos, sem dispersão. Ninguém vive numa redoma, isolado dos dilemas da humanidade. Somos herdeiros de longa tradição que vem das lutas de independência, da abolição da escravidão, da conquista de direitos trabalhistas e do voto universal. Nossa missão histórica é a de ser portadores da esperança e promover a igualdade e o desenvolvimento sustentável.
As forças progressistas precisam recuperar várias bandeiras que um dia já foram nossas. E precisamos fazer isso unidos, sem dispersão. Ninguém vive numa redoma, isolado dos dilemas da humanidade. Somos herdeiros de longa tradição que vem das lutas de independência, da abolição da… pic.twitter.com/INLlNdyosz
— Lula (@LulaOficial) July 22, 2025