
Nesta quinta-feira, 31 de julho, o Brasil celebrou o Dia Nacional do Vira-Lata, data criada para valorizar os animais sem raça definida, símbolo de resistência, afeto e autenticidade. A coincidência com um momento decisivo na política internacional transformou o vira-lata em mais do que um personagem querido da cultura popular: virou metáfora de um país que escolheu não se submeter a pressões externas, mesmo vindas do presidente mais poderoso do mundo.
Na véspera, Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos, anunciou sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, e impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. A ofensiva foi interpretada como uma tentativa de interferência direta no processo judicial que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro, inelegível e réu no STF por tentativa de golpe. A mensagem era clara: pressionar o Brasil a aliviar o cerco jurídico ao aliado de Trump.
Mas o tiro saiu pela culatra. O que se viu no dia seguinte foi um raro momento de unidade entre os Três Poderes brasileiros, que reafirmaram a independência do Judiciário e rechaçaram a investida estadunidense. O governo federal, por meio de nota oficial, repudiou a sanção a Moraes e mencionou a possibilidade de retaliação comercial, amparada pela Lei de Reciprocidade. No Congresso, lideranças de diferentes partidos classificaram a atitude de Trump como inaceitável.
A reação popular seguiu o mesmo tom. Nas redes sociais, internautas lembraram que, no Dia do Vira-Lata, o Brasil “não abanou o rabo para os EUA”. A frase viralizou em postagens que associavam o vira-lata à imagem de um país que, apesar de suas cicatrizes, permanece de pé, autônomo e digno. Também houve quem visse no episódio um “instante raro de coesão nacional em defesa da soberania”, algo que não se via há anos na política brasileira.
A metáfora ganhou força ao se sobrepor ao simbolismo da data. O vira-lata, desprezado por não ter pedigree, sobrevive nas ruas e conquista o coração dos brasileiros por sua resiliência e lealdade. Da mesma forma, o Brasil, constantemente colocado em posição subalterna nas relações internacionais, mostrou que não precisa de validação externa para proteger sua democracia e suas instituições.
Além das mensagens políticas, a data foi marcada por campanhas de adoção em todo o país, com ONGs e protetores independentes promovendo ações para incentivar a valorização dos animais SRD (sem raça definida). Hashtags como #DiaDoViraLata e #OQueAprendiComMeuViraLata ocuparam o topo dos trending topics, combinando fotos de pets adotados com críticas bem-humoradas à tentativa de pressão de Trump.
Neste 31 de julho, o Brasil não apenas celebrou seus cães mais autênticos. Também reafirmou sua capacidade de resistir, tal como um vira-lata que não aceita coleira de ninguém.