No Espírito Santo, a serpente bolsonarista saiu do ovo. Por Leandro Fortes

Atualizado em 26 de novembro de 2022 às 8:23
Imagens da câmera de segurança mostram momento em que o atirador chega à instituição armado. Reprodução

O nome do pai, claro, não foi divulgado. Sabe-se que é um tenente da Polícia Militar do Espírito Santo que, nas redes sociais, faz apologia ao nazismo e gosta de resenhar “Minha Luta”, o livro escrito, em 1925, por Adolf Hitler, fonte seminal de ideias antissemitas, anticomunistas, racialistas e nacionalistas adotadas, ainda hoje, pela extrema-direita mundial.

Um tenente da PM.

O filho, um adolescente de 16 anos, vestido de macacão e chapéu camuflados, uma máscara com sorriso de caveira e um cinto repleto de munição, pegou duas armas do pai – uma de serviço, outra, particular – e partiu para uma jornada de ódio para colocar em prática o que, até então, aprendera com o pai, em casa. Em duas escolas de Aracruz, interior do Espírito Santo, matou três pessoas e feriu pelo menos outras 11. Entre as vítimas fatais, duas professoras e uma menina de 12 anos.

Uma criança de 12 anos.

Em um País onde o ódio político foi, primeiro, estimulado pela mídia e pelas instituições, ao ponto de alçar a herói nacional uma besta quadrada como Sérgio Moro e, depois, serviu para eleger uma besta fascista como Jair Bolsonaro, os assassinatos na cidade capixaba não chegam a ser uma surpresa. São, na verdade, a exaltação de um processo em andamento, ora nos bloqueios de estradas, ora nas frentes dos quartéis, onde outros dementes estão sendo ativados para agir da mesma maneira, em nome de um delinquente que imita seres humanos morrendo por asfixia.

Essa serpente em trajes militares que eclodiu do ovo bolsonarista, em Aracruz, tem muitos pais, além do tenente nazista que a mídia, sempre tão leniente com homens brancos, ainda se recusa a dizer o nome. Todos – jornalistas, políticos, magistrados, militares, procuradores – que fizeram parte das engrenagens que, em 2016, promoveram o golpe contra Dilma Rousseff são, também, pais desse jovem assassino.

Tivessem condenado com a veemência necessária a elegia de Bolsonaro ao coronel Brilhante Ustra, um torturador que enfiava ratos nas vaginas de presas políticas, no pau-de-arara, talvez o velho punguista da Câmara dos Deputados tivesse sido cassado, em vez de virar presidente da República.

Agora, com milhares de armas colocadas nas mãos de pais fascistas, graças à pulsão de morte do governo Bolsonaro, a chance de outros ovos eclodirem antes de serem neutralizados pela civilização é terrivelmente grande.

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