
Essa é uma crônica aparentemente alucinógena, mas sobre coisas prováveis no mundo distorcido de Bolsonaro, onde tudo é possível. Não se sabe o que é verdade ou mentira, porque o fascismo não lida com esse dilema.
Há um mês, o chefe da organização criminosa havia tentado trocar uma lâmpada da cozinha da casa. Pela primeira vez ele trocaria uma lâmpada. Claro que não conseguiu. Ao descer (estava trepado num banco), caiu e bateu a cabeça na parede.
Passou a dizer coisas estranhas e fez a primeira tentativa para arrebentar a tornozeleira com um abridor de lata. As visitas que apareciam na mansão diziam a Michelle que ele estava estranho. Ela respondia que ele sempre foi assim.
E que já havia tentado abrir a tornozeleira com um saca-rolhas. Quando ele inventou que iria usar um ferro quente de solda, disse a Michelle que saísse de casa e viajasse ao Ceará.

Não queria que Michelle estivesse por perto. Me deixa fazer sozinho, dizia ele, que se irritava toda vez que ela o criticava por tentar abrir o aparelho.
Mas ela voltou do Ceará, depois do fracasso com o ferro quente, e da prisão dele, e esclareceu que Bolsonaro não pretendia fugir.
Ele queria abrir a tornozeleira e cortar o fio do mecanismo de escuta que havia dentro do equipamento.
Bolsonaro tinha certeza de que as conversas na casa eram escutadas pelo Valdemar Costa Neto. Alexandre de Moraes entendeu tudo errado.