No mundo de Rosa Weber, as fake news são combatidas e os Bolsonaros ameaçam o STF sem querer. Por Roberto de Martin

Atualizado em 21 de outubro de 2018 às 22:23
Rosa Weber. Foto: Evaristo Sa/AFP

Embora tenha admitido que não tem a solução para o combate às notícias falsas disseminadas pela internet, a ministra Rosa Weber afirmou, em coletiva neste domingo, dia 21, que as instituições brasileiras estão funcionando normalmente.

Segundo ela, a Justiça pode, sim, no devido prazo legal, cassar o diploma do futuro presidente do Brasil, caso seja comprovada culpa em investigações em curso, “independentemente das consequências disso no campo político”.

As perguntas só começaram a ser feitas após os presentes falarem, um a um, sobre as ações de “sucesso” do TSE na luta contra as fake news. 

Num clima que lembrava um seminário voltado a funcionários de uma empresa de telemarketing em Bangalore, Rosa abriu o evento dizendo que “a desinformação deliberada será combatida com informação responsável e objetiva, e com a transparência que exige um estado democrático de direito”.

Questionada sobre o Bolsolão e o esquema no WhatsApp, a ministra disse que não comenta casos em andamento, mas ressaltou que a Justiça age no seu tempo.

O representante da Polícia Federal, Elzio Vicente da Silva, foi questionado sobre a possibilidade de uma colaboração do WhatsApp às investigações da PF. 

Afirmou que “interessa sempre o maior número de dados que levem ao esclarecimento dos fatos.” Fim.

Já o ministro-Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, general Sergio Etchegoyen, não sabia se minimizava o poder das fake news ou se admitia a falta de controle sobre a situação. 

Em uma fala controversa, afirmou que não é possível controlar a disseminação de notícias falsas, comparando-as com fofocas que se espalham com uma maior rapidez do que antigamente, mas garantiu que aqueles que fraudarem a lei serão apanhados.

“Como disse o ministro Jungman: os responsáveis serão identificados e punidos”, disse.

Jungman, que fez questão de tirar a responsabilidade das costas da Polícia Federal e do Ministério da Segurança Pública, jogou o problema no colo do TSE: “Fora flagrante, só a Justiça eleitoral pode requisitar à PF que se investigue.”

Apesar das declarações, a opinião do TSE é de que o primeiro turno transcorreu normalmente.

Enquanto a palavra esteve com as autoridades, o tema central foi a reafirmação na confiança do sistema de urnas eletrônicas com a divulgação de dados e ações do Tribunal na batalha de combate às fake news.

“Gostaríamos de ter uma solução pronta e eficaz e, de fato, não temos. Fake news sempre existiram, a novidade agora é a velocidade da circulação dessas notícias deletérias e que estão a atentar contra a credibilidade do nosso sistema eleitoral”, disse Weber.

A coletiva, que poderia ter sido uma satisfação à sociedade sobre a denúncia contra a campanha de Bolsonaro, foi usada pelo TSE para uma defesa do trabalho feito pelo Tribunal até aqui.

Em seu mundo cor de rosa, Rosa ainda minimizou as declarações de Eduardo Bolsonaro num vídeo que viralizou. Numa palestra, o deputado fala que, em caso de impugnação da candidatura do pai, o STF ‘terá que pagar para ver’ e que para fechar o tribunal se quiser basta “manda um soldado e um cabo”.

“Eu tive conhecimento, me foi trazido pela assessoria o vídeo e me foi trazido ao conhecimento que o vídeo já foi desautorizado pelo candidato”, declarou. 

“Os juízes todos no Brasil que honram a toga não se deixam abalar por qualquer manifestação que eventualmente possa ser compreendida como de todo inadequada.”