No STF, Mendonça sugere culpa de Dino no 8/1 e toma sabão de Moraes: “Um absurdo”

Atualizado em 14 de setembro de 2023 às 11:48
Alexandre de Moraes passa um sabão em André Mendonça

Os ministros Alexandre de Moraes e André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), bateram boca nesta quinta-feira (14) sobre o papel do Ministério da Justiça no dia 8 de janeiro, quando terroristas a serviço de Jair Bolsonaro invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília.

Mendonça passava pano para Aécio Lúcio Costa Pereira, o primeiro réu pelos atos golpistas a ter o caso analisado pela Corte. Aproveitou para encorpar a narrativa golpista de que houve leniência do governo. Lembrou que foi ministro da Justiça e alegou que policiais da Força Nacional poderiam ter sido acionados para evitar os ataques.

“Em todos esses movimentos de 7 de Setembro, como ministro da Justiça, eu estava de plantão com uma equipe à disposição, seja no Ministério da Justiça, seja com policiais da Força Nacional que chegariam aqui em minutos para impedir o que aconteceu”, afirmou. “Eu não consigo entender e também carece de resposta como o Palácio do Planalto foi invadido da forma como foi invadido”.

Moraes apartou: “Ministro André, se me permite, já que Vossa Excelência entrou nesse caso. As investigações demonstram claramente o porquê que houve essa facilidade. Cinco coronéis comandantes da PM do DF estão presos, exatamente porque desde o final das eleições se comunicavam por [WhatsApp] dizendo exatamente que iriam preparar uma forma de, havendo manifestação, a Polícia Militar não reagir”.

O clima esquentou e Moraes foi enfático: “Com todo respeito, é um absurdo Vossa Excelência falar que a culpa do 8 de Janeiro é do ministro da Justiça quando cinco comandantes estão presos, quando o ex-ministro da Justiça fugiu e jogou o celular no lixo e foi preso. Tenha dó!”

Repetiu: “Tenha dó!”.

“Não coloque palavras na minha boca”, devolveu Mendonça, a essa altura diminuto. “Não sou advogado de ninguém”.

É advogado, sim, e ele sabe de quem.

André Mendonça deu um voto “intermediário” contra Aécio – com punição mais pesada que a de Kassio Nunes Marques, mas mais leve que a defendida pelo relator Alexandre de Moraes.

Mendonça afirmou, por exemplo, ser contra a condenação simultânea pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

Para o ministro, o primeiro crime “absorve” o segundo, ou seja, seria incorreto fixar duas penas separadas.