Publicado originalmente no site Opera Mundi
O grupo uruguaio La Gran Muñeca encerrou na última segunda-feira (17/02) a primeira noite do Concurso Oficial do Carnaval do país com uma música em que critica o avanço da direita na América Latina e pede a saída do presidente brasileiro Jair Bolsonaro do cargo “com seu racismo que nos assusta”.
Bolsonaro não é, no entanto, o único “alvo” da canção “Povos Originários”: o ex-presidente argentino Mauricio Macri é lembrado junto com o chileno Sebastián Piñera, a autoproclamada presidente boliviana Jeanine Áñez e até com o presidente eleito do Uruguai, Luis Lacalle Pou (de direita e visto como a “volta da miséria” ao país).
“Fora Bolsonaro com seu racismo que nos assusta, fora a perua que está na Bolívia e acha que é loira. / Equador está muito mal, paga o pobre e ganha o rico, Colômbia acordou, no Peru mandam os milicos”, diz a música.
A letra também pede a defesa da América Latina frente aos avanços da direita. “Povos originários que se juntaram para lutar, contra os ditadores evangelistas de Donald Trump / Este é nosso lugar e temos que cuidá-lo, ninguém poderá nos calar, toca forte nosso canto /Somos a pátria grande e agora ninguém vai nos parar, entre todas e todos, o continente resistirá.” Ao final da apresentação, o grupo agita bandeiras Whipala, que representa os povos originários andinos.
La Gran Muñeca é uma “murga”, tipo de grupo teatral musical típico do Uruguai que se apresenta durante o Carnaval. Os “murguistas”, como são conhecidos os membros da “murga”, são normalmente todos homens e vestem roupas que lembram algumas fantasias do Carnaval do Rio de Janeiro.
Leia a íntegra da letra e assista, em vídeo, à apresentação do La Gran Muñeca:
Chegamos ao Carnaval para defender a terra,
chegamos ao Carnaval, hoje a América desperta.
Povos originários que se juntaram para lutar,
contra os ditadores evangelistas de Donald Trump.
Este é nosso lugar e temos que cuidá-lo
ninguém poderá nos calar, toca forte nosso canto.
Somos a pátria grande e agora ninguém vai nos parar,
entre todas e todos, o continente resistirá.
Macri já não está lá, que não se esqueça
que ele gosta de reprimir, igual ao Piñera no Chile.
Fora Bolsonaro com seu racismo que nos assusta,
fora a perua que está na Bolívia e acha que é loira.
Equador está muito mal, paga o pobre e ganha o rico
Colômbia acordou, no Peru mandam os milicos.
Vemos que a direita veio com tudo uma vez mais,
e até conseguir o que quer está claro que não vai parar.
Algo que não entendemos aconteceu no Uruguai
porque se esqueceram das misérias
e hoje são governo uma vez mais.