
A líder opositora venezuelana María Corina Machado venceu o Prêmio Nobel da Paz de 2025, anunciado nesta sexta-feira (10) pelo Comitê Norueguês do Nobel, em Oslo. O reconhecimento destaca sua atuação em defesa da democracia, dos direitos humanos e das liberdades civis na Venezuela. Ela é uma das principais vozes contra o presidente Nicolas Maduro
A decisão frustrou o presidente americano, Donald Trump, para quem a premiação havia se tornado uma meta pessoal e presença constante em seus discursos. O chefe de Estado dizia merecer a premiação com o argumento de ter encerrado “seis ou sete” guerras pelo mundo desde que voltou à Casa Branca. Trump chegou a dizer que não receber o prêmio seria uma “ofensa aos americanos”.
Mas a escolha foi por um outro caminho, inclusive com uma crítica velada ao próprio chefe da Casa Branca e os ataques contra a democracia. “Viver num mundo com menos democracia e mais regimes autoritários significa que o mundo está mais perigoso. Esta é a mensagem, precisamos apoiar as forças democráticas, em nome da paz”, disse Jørgen Watne Frydnes, presidente do Comitê do Nobel, nesta manhã em Oslo.
Quem é María Corina
María Corina Machado foi uma ex-deputada venezuelana e uma das principais lideranças da direita do país, conhecida por sua atuação golpista e pela defesa de políticas ultraliberais.
Oriunda de uma das famílias mais ricas da Venezuela, era filha do empresário Enrique Machado Zuloaga, dono da siderúrgica Sivensa, que entrou em conflito com o governo de Hugo Chávez após processos de nacionalização.
Nos anos 1990, criou a organização Súmate, que se apresentava como uma ONG de monitoramento eleitoral, mas teve papel direto nas articulações que levaram ao golpe de Estado de 2002 contra Chávez.
Machado foi uma das signatárias do “Decreto Carmona”, que dissolveu instituições e suspendeu a Constituição durante as 48 horas em que o governo chavista foi deposto.

Em 2005, reforçou sua ligação com os Estados Unidos ao se reunir com o então presidente George W. Bush, gesto que provocou reação do governo venezuelano.
Eleita deputada em 2010, foi cassada em 2014 ao aceitar o posto de embaixadora do Panamá na OEA sem autorização do Congresso. No mesmo ano, participou ativamente das manifestações violentas conhecidas como “guarimbas”, que deixaram mortos e feridos.
Posteriormente, foi acusada de envolvimento em planos para derrubar Nicolás Maduro e de pedir sanções e até intervenção militar estrangeira contra a Venezuela. Fundadora do partido Vente Venezuela, Machado defendeu a privatização da PDVSA e de outras estatais, e manteve vínculos com figuras da extrema direita internacional, como Eduardo Bolsonaro, Javier Milei e Giorgia Meloni.
Premiação
A cerimônia de entrega ocorrerá em 10 de dezembro, data que marca o aniversário da morte de Alfred Nobel, criador da premiação.
O evento é realizado em Oslo, na Noruega, e conta com a presença do rei norueguês e de autoridades internacionais.
O Comitê do Nobel é composto por cinco membros indicados pelo Parlamento norueguês e é responsável por escolher o vencedor após meses de deliberação.
Durante o anúncio, membros do comitê destacaram que o prêmio reconhece “a coragem de líderes civis que arriscam sua segurança pessoal em prol de sociedades livres e justas”.