Nobel da Paz investiga vazamento após nome de María Corina disparar em site de apostas

Atualizado em 10 de outubro de 2025 às 17:06
María Corina Machado, da Venezuela. Foto: Getty Images

O Comitê do Nobel da Paz abriu uma investigação sobre um possível vazamento do nome da vencedora deste ano, após o nome da venezuelana María Corina Machado disparar em uma plataforma de apostas poucas horas antes do anúncio oficial, feito nesta sexta-feira (10).

As informações foram publicadas pela agência Bloomberg, que relatou movimentos atípicos na Polymarket, site que usa tecnologia blockchain e permite apostar em resultados de eventos políticos e sociais. Segundo a agência, um único usuário teria apostado US$ 70 mil (R$ 384,6 mil) na vitória de Machado, obtendo lucro estimado em US$ 30 mil (R$ 164,9 mil).

De acordo com a Bloomberg, o usuário havia criado a conta dias antes do anúncio e nunca havia feito apostas na plataforma. Até a quarta-feira (8), María Corina não figurava entre os nomes favoritos. No entanto, por volta das 18h de quinta-feira (9), cerca de 12 horas antes do resultado, o nome dela saltou de 1% para 70% das apostas.

Gráfico mostra o pico de interesse em María Corina antes do anúncio. Foto: reprodução

O movimento chamou a atenção do Instituto Nobel Norueguês, que decidiu apurar o caso. “Parece que fomos vítimas de um criminoso que quer lucrar com nossas informações”, disse Kristian Berg Harpviken, diretor do instituto, à Bloomberg. O Comitê Norueguês afirmou que “leva a escolha do prêmio muito a sério” e prometeu revisar os protocolos de segurança para futuras edições.

Nas redes sociais, a Polymarket reagiu com ironia. Ao comentar a investigação, a conta oficial da empresa no X publicou apenas a palavra “whoops”.

A plataforma ganhou notoriedade por permitir apostas em tempo real sobre temas que vão de eleições presidenciais a resultados de prêmios internacionais, usando contratos inteligentes baseados em blockchain.

Quem é María Corina

María Corina Machado, de 57 anos, é uma das principais líderes da extrema-direita na Venezuela. Engenheira e empresária, tornou-se conhecida pela atuação em defesa dos direitos civis, apoiada pelos Estados Unidos, e pela resistência ao regime de Nicolás Maduro.

Fundadora da organização Súmate, que promove eleições livres e transparentes, Machado foi eleita deputada em 2010, mas expulsa da Assembleia Nacional quatro anos depois.

Em 2023, anunciou candidatura à presidência, mas foi impedida de concorrer. No pleito de 2024, apoiou o opositor Edmundo González Urrutia, cuja vitória foi negada pelo governo. Desde então, vive escondida por causa das perseguições políticas.

O Comitê Norueguês justificou a escolha de Machado afirmando que ela representa “um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil na América Latina nos últimos tempos” e reconheceu sua “luta incansável pela transição pacífica da ditadura para a democracia”. Em nota, o texto oficial da premiação afirma que “María Corina Machado mantém acesa a chama da democracia em meio à escuridão crescente”.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.