Nobel da Paz: o que Lula, Raoni e Greta Thunberg têm em comum

Atualizado em 10 de outubro de 2019 às 22:28

Publicado na Rede Brasil Atual

Lula, Raoni e Greta, os três com prestígio na comunidade internacional, já têm um legado em defesa da paz. São o oposto de Bolsonaro

Chega ao fim nesta sexta-feira (11) a expectativa pelo Prêmio Nobel da Paz de 2019. Entre os indicados, figura com destaque o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Preso desde 7 de abril de 2018, Lula acaba de receber o título de Cidadão Honorário de Paris. Nesses 551 dias privado de liberdade em Curitiba, o ex-presidente recebeu visitas de chefes de Estado da Europa e América Latina, e personalidades de diversas nacionalidades.

Entre eles, o Nobel da Paz de 1980, Adolfo Perez Esquivel, artista plástico e intelectual argentino que capitaneou a indicação de Lula ao Nobel de 2019. A candidatura de Lula é resultado de seu trabalho como presidente mais bem avaliado da história recente da República – cujos mandatos resultaram em exclusão do Brasil do Mapa da Fome da ONU, expansão do acesso ao ensino público e crescimento econômico com inclusão social. Sua mera indicação – entre os 301 nomes de todo o planeta – é avaliada como uma vitória por integrantes da campanha por sua liberdade, tendo funcionado como ferramenta internacional de denúncia contra o caráter persecutório político de sua condenação.

Uma das lideranças indígenas mais conhecidas e respeitadas do mundo, o cacique Raoni, brasileiro da etnia Caiapó, é também um dos indicados para a receber a premiação. Além dele, a jovem sueca Greta Thunberg, nome mundialmente conhecido pela promoção da Greve Global pelo Clima, é citada na imprensa ocidental como um dos nomes favoritos ao Nobel da Paz.

Em comum, Lula, Raoni e Greta têm como característica representarem indicações indigestas para o presidente Jair Bolsonaro e seus seguidores. A liderança de Lula é uma pedra no sapato do projeto político representado pelo presidente brasileiro. Não à toa foi excluído da eleição de 2018 pelo atual ministro da Justiça de Bolsonaro, Sergio Moro, que abusou do poder de juiz no processo em que condenou o ex-presidente.

Raoni e Greta tiveram seus nomes disseminados e ovacionados recentemente em Nova York, durante Assembleia Geral da ONU, em que Bolsonaro envergonhou o Brasil no mundo por desdenhar das causas das comunidades indígenas e ambientais que hoje alarmam o planeta.

Imprevisibilidade

Levantamento feito recentemente pela reportagem da RBA mostra que nem sempre os vencedores do Prêmio Nobel da Paz fizeram por merecê-lo, ao passo que em muitas ocasiões, grandes merecedores – como os três citados acima – deixaram de vencer.

A lista de laureados muitas vezes exibe nomes indiscutíveis, como Nelson Mandela, Dalai Lama, Desmond Tutu, Madre Tereza de Calcutá, Martin Luther King Jr, além de instituições como a Fundação das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Cruz Vermelha.. Em outras ocasiões, no entanto, os homenageados – que levam um prêmio de 8 milhões de coroas suecas, algo em torno de US$ 930 mil, ou mais de R$ 3 milhões para casa – não foram unanimidade.

“Se por um lado o Nobel da Paz já foi concedido a figuras como Martin Luther King Jr. (1964), Madre Teresa (1979) e Nelson Mandela (1993), por outro a premiação de 1973 envolveu o premiê norte-americano Henry Kissinger e o vietnamita Lê Đức Thọ, por causa de um cessar-fogo entre o Vietnã do Norte e os Estados Unidos, após anos de guerra”, informa reportagem de Vitor Nuzzi publicada em abril na RBA.

Para os críticos, Kissinger era o oposto de um pacifista. Já Tho recusou o prêmio, por considerar que a paz não estava consolidada. Dois dos cinco membros do Nobel renunciaram. Houve controvérsia também em 1994, quando os premiados foram Yasser Arafat, Shimon Peres e Yitzhak Rabin, pelos esforços em prol da paz entre Israel e Palestina. Um integrante do Nobel renunciou”, relata o texto.