Nobel made in America

Atualizado em 26 de maio de 2013 às 17:04
Liu Xiabo com a mulher, em Pequim, em 2008

O Nobel da Paz não tem um bom retrospecto.

Barack Obama ganhou o ano passado sem ter feito nada pela paz. Um antecessor de Obama, Theodore Rossevelt, no começo do século passado também foi premiado. Roosevelt se orgulhava de ter matado com as mãos um homem numa batalha e dizia que um país se efeminava se não travasse regularmente guerra.

Gandhi não ganhou o Nobel da Paz.

A decisão de escolher em 2010 o dissidente chinês Liu Jiubao é um absurdo não pela pessoa em si. Esqueçamos o homem, em torno de cujas ações e idéias pairam muitas controvérsias. O absurdo é optar por uma escolha que, num mundo já suficientemente tumultuado, vai trazer uma nova rodada de convulsão. Segundo o porta-voz do governo chinês, 100 países e organizações internacionais manifestaram apoio à China, que afirmou ter se sentido “humilhada”.

Imagine se, no ano que vem, o Nobel da Paz for dado a Julian Assange, do Wikileaks, por contribuir poderosamente em desnudar os horrores das guerras do Afeganistão e do Iraque. Não dá para imaginar? Não, não dá. Não porque Assange não mereça mas porque o Comitê do Nobel jamais ousaria desafiar os interesses americanos.

O Nobel da Paz se politizou, sobretudo depois da Guerra Fria.

É entregue em Oslo, na Noruega, para uma platéia composta por representantes dos 65 países com embaixada na cidade.

Mas é como se a cerimônia fosse, na verdade, em Washington.