Nome Emmanuel, sobrenome Macron. Por Milton Blay

Atualizado em 23 de abril de 2022 às 7:40
Emmanuel Macron cerra os punhos lado a lado em posição de força
Emmanuel Macron. Foto: Reprodução

A se acreditar nas pesquisas de opinião, o futuro presidente da República francesa tem por nome Emmanuel, sobrenome Macron. Ele está a pouco mais de 30 horas (desde que liguei o computador) de ser proclamado novamente presidente, pelos próximos cinco anos, do segundo país mais rico da Europa. Entre 12 e 15 pontos o separam da populista neofascista Marine Le Pen. As últimas horas até o final do voto poderão aumentar a vantagem de Macron, o que vem acontecendo desde o debate de quarta-feira, vencido pelo presidente, que se mostrou muito mais competente que sua adversária. Le Pen quis transmitir a imagem de uma candidata tranquila, mãe de família e amiga dos gatinhos como se autodenomina. Mas além de errar ao citar números, ao falar de imigração e segurança mostrou ser o que realmente é : uma política de extrema-direita, islamofóbica e racista até o último fio de cabelo. E nada além disso. Revelou, uma vez mais, sua total ignorância no que diz respeito à economia e desmoronou ao falar de internacional.

Marine Le Pen e seu partido, União Nacional, são devedores de um grande banco russo, que serve aos interesses do Kremlin, portanto de Vladimir Putin. Macron aproveitou a ocasião para acusá-la de falar com seu banqueiro ao se entrevistar com Putin. Xeque-mate. Paralelamente, o presidente-candidato beneficia de uma aura de estadista em meio à guerra da Rússia na Ucrânia.

As diferenças entre ambos ficaram ainda mais claras com relação à Europa. Le Pen quer transformar a União Europeia numa aliança de nações soberanas, independentes. Em outras palavras, destruir o bloco. Ele, ao contrário, quer reforçar a UE, aumentando a unidade em questões como saúde e defesa.

Os dirigentes europeus aliás, seguem as eleições franceses com o maior interesse e preocupação.

Ao publicar um artigo em grandes jornais europeus, o chanceler alemão Olaf Scholz, o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez e o chefe do governo português António Costa conclamaram indiretamente os eleitores franceses a votar Macron, salientando o papel de primeiro plano desempenhado pela França na Europa durante a pandemia e a guerra.

Esta « não é uma eleição como as outras » ; disseram.

« A escolha é entre um candidato que valoriza a democracia, a soberania, a liberdade e do Estado de direito e um nacionalista que se alinha a dirigentes autocratas como Vladimir Putin, que lembram os momentos sombrios da Europa. »

Costa, Sánchez e Scholz salientaram que a França “está no coração do projeto europeu” e que a escolha de domingo se dará entre um “candidato democrata, que acredita que a França é mais forte em uma União Europeia poderosa e autônoma, e uma candidata da extrema direita, que está abertamente do lado daqueles que atacam nossa liberdade e nossa democracia”.

“Precisamos da França do nosso lado”. “Uma França que defende nossos valores comuns, em uma Europa na qual nos reconhecemos, que é livre e aberta ao mundo, soberana, forte e generosa. É esta França que está também na cédula de votação de 24 de abril. Esperamos que os cidadãos da República francesa a escolham.”

Vencer a extrema-direita também é o objetivo de Lula, que declarou de maneira clara seu apoio no segundo turno a Emmanuel Macron. Nesta quinta-feira, em tuites publicados em português e francês, Lula diz que “o futuro da democracia está em jogo na Europa e no mundo” e pede união “em torno do candidato que melhor encarna os valores democráticos e humanistas”, marcando o perfil de Macron na rede.

De acordo com as pesquisas realizadas na sexta-feira, Macron lidera com 55,5% a 58% das intenções de voto contre 44,5% a 42% para Le Pen. A diferença é grande, porém muito menor que os 32% que os separaram em 2017. O que poderá pesar para o partido A República em Marcha, de Macron, nas legislativas de junho.

Milton Blay