Nossa velha imprensa é tão covarde que não enfrenta nem golpistas bolivianos

Atualizado em 11 de novembro de 2019 às 18:41
Camacho (centro) diante de uma Bíblia e da bandeira da Bolívia, no Palácio Quemado, sede do governo em La Paz

POR MOISÉS MENDES

Quem manda hoje na Bolívia? Os jornais bolivianos não sabem responder. A cobertura do golpe é precária, mesmo em jornais que não aderiram à deposição de Morales.

Os militares assumiram o controle absoluto do poder? Ninguém sabe. A segunda vice-presidente do Senado, Jeanine Añez, aliada dos golpistas, diz que vai assumir a presidência (depois do golpe atingir o vice-presidente da República e os presidentes de Câmara e Senado). Mas a impressão é de que ninguém dá muita atenção à Jeanine.

Uma dúvida atormenta os golpistas: qual será a função do chefe deles, o empresário, corrupto e fundamentalista religioso Luis Fernando Camacho Vaca, El Macho, se ele não tem representação política?

Pode começar agora uma guerra entre El Macho, o Bolsonaro deles, e grupos ligados ao ex-presidente Carlos Mesa, que disputou a eleição com Morales. Os militares ficarão com quem?

O interessante é que os jornais bolivianos não alinhados com a direita tratam a deposição de Morales como golpe. Os jornais brasileiros “liberais” tratam o golpe como renúncia.

A nossa grande imprensa é tão covarde que não enfrenta nem golpistas bolivianos.