Nova cloroquina: Bolsonaro agora quer investir em droga chinesa sem comprovação científica contra a covid

Atualizado em 18 de julho de 2021 às 15:04
Bolsonaro deixa hospital: “Espero em 10 dias, estar comendo um churrasquinho de costela”. Foto: Reprodução/Twitter

Mal saiu do hospital, após 5 dias internado, e Bolsonaro já inventou outra cloroquina para chamar de sua.

O mandatário apareceu com mais uma droga que ele quer que seja investida pelo Ministério da Saúde para tratar a Covid-19, mesmo sem eficácia comprovada.

Na saída do hospital Vila Nova Star, neste domingo (18), Bolsonaro criticou o que chama de baixa efetividade da Coronavac – envolveu a própria mãe para tirar da manga mais um remédio sem comprovação científica.

“Minha mãe tem 94 anos. Se ficasse doente, eu autorizaria o tratamento dela com proxalutamida”, disse a jornalistas.

A estratégia aconteceu dias depois do Ministério da Saúde ter enviado documento à CPI da Covid afirmando a ineficácia da cloroquina para o tratamento da Covid, ou seja, abandonando o barco criado pelo próprio Bolsonaro, que investiu durante praticamente toda a pandemia no medicamento.

Bolsonaro falou que vai se reunir com o Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para tratar do assunto e que é preciso testar livremente várias opções no combate à doença. Não satisfeito, voltou a alfinetar a Coronavac. “O Doria, mesmo vacinado, pegou de novo o coronavírus”.

A proxalutamida, o elixir milagroso da vez de Bolsonaro, é um fármaco usado para tratar câncer de próstata e também o de mama.

Ele é um antiandrógino, ou seja, um bloqueador de hormônios masculinos e que está em desenvolvimento por uma farmacêutica chinesa – que o presidente tanto critica.

Como está em fase de desenvolvimento, a medicação não é aprovada por nenhuma agência reguladora e não é vendida em nenhum país.

Mas a estratégia do presidente não é exclusiva, já que em março a proxalutamida passou a ser associada para possível tratamento de Covid-19 e a agência de regulação de medicamentos dos EUA aprovou o pedido de investigação para uso do remédio em infecções causadas pelo coronavírus.

Proxalutamida no Brasil

No Brasil, a empresa Simi Consultoria chegou a entrar em contato com a Anvisa para tratar sobre o uso da proxalutamida para Covid-19, mas houve adiamento da reunião e não há nova data marcada.

Já houve um estudo para avaliar os efeitos da proxalutamida em pacientes com Covid-19 e aconteceu em 12 hospitais de Manaus em parceria entre o Grupo Samel e a Applied Biology, empresa americana. Não houve publicação de pesquisa científica sobre o tema e apenas os dados foram divulgados em redes sociais.

A empresa afirmou que o remédio reduziu em 92% o número de mortes por Covid, reduziu o tempo de internação hospitalar e inibiu a progressão da Covid. Sem os dados e metodologia completa, outros especialistas não conseguiram avaliar e revisar a pesquisa. A Simel sequer pediu o início da fase III de testes para a Anvisa ou mesmo o uso emergencial do medicamento.