
A tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada por Donald Trump, com previsão de entrada em vigor em 1º de agosto, representa um golpe direto no comércio exterior do Brasil. Os Estados Unidos são o segundo maior destino das exportações brasileiras, atrás apenas da China. Só no primeiro semestre de 2025, o Brasil vendeu US$ 40,4 bilhões ao mercado americano — 12% do total exportado no ano.
Entre os itens mais vendidos estão petróleo, ferro, aço, café, carne bovina e celulose. Setores como o de suco de laranja e aeronaves também têm forte exposição ao mercado norte-americano. A Embraer, por exemplo, direciona 63% de suas exportações para os EUA, o que fez suas ações caírem quase 11% na semana após o anúncio do tarifaço.
Especialistas apontam que redirecionar essas exportações para outros mercados é possível, mas lento e complexo. Commodities como café e açúcar podem ser absorvidas mais facilmente por países asiáticos, México e União Europeia. Já produtos de maior valor agregado, como autopeças ou aviões, enfrentam maior dificuldade de reposicionamento.

A China é o maior parceiro comercial do Brasil, mas enfrenta desaceleração econômica e restrições a alguns produtos, como aço e petróleo. A Ásia surge como o destino mais viável para itens como carne e celulose, enquanto países como Índia, Vietnã, Emirados Árabes e Indonésia também aparecem como opções para escoamento parcial do excedente.
Especialistas como André Galhardo e Welber Barral destacam que o Brasil pode aproveitar o momento para estreitar laços com a União Europeia e reforçar parcerias com países do Brics e do Sudeste Asiático. A crise pode servir como catalisadora para diversificar mercados e reduzir a dependência do eixo EUA-China.
Apesar do impacto imediato, o governo Lula tenta uma solução diplomática, enquanto o setor produtivo pressiona por alternativas comerciais. Caso a tarifa entre em vigor sem acordo, a perda de competitividade pode gerar prejuízos bilionários, especialmente para empresas exportadoras e produtores de alto volume.