
O criminalista José Luís Oliveira Lima, novo advogado do general Walter Braga Netto, preso no último sábado (14), afirmou que a troca de defesa não está relacionada à possibilidade de negociar uma delação premiada, conforme informou o Estadão.
Segundo Oliveira Lima, essa opção está completamente descartada: “O general não praticou crime algum, portanto não fará colaboração”.
O advogado também negou qualquer possibilidade de Braga Netto implicar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ou outros investigados, pois, segundo ele, o general não teve envolvimento no plano de golpe. “O general Braga Netto é um democrata, não participou de nenhuma reunião golpista”, afirmou.
Oliveira Lima visitou o general na quarta-feira (18) no Comando da 1ª Divisão de Exército, localizado na Vila Militar, em Deodoro, no Rio de Janeiro. O advogado relatou que Braga Netto está surpreso e indignado com a prisão. Como primeira medida, a defesa solicitará o depoimento do general para esclarecer pontos considerados relevantes.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/v/s/R5z9oHRtSIOjDcqQzClg/100255515-mariz-pa-brasilia-25-08-2022-jair-bolsonaro-braga-netto-dia-do-soldado-cerimonia-do.jpg)
A prisão
Braga Netto foi preso preventivamente sob acusação de tentar obstruir as investigações sobre o plano de golpe. Segundo a Polícia Federal (PF), ele buscou informações sigilosas sobre a delação do tenente-coronel Mauro Cid, com a intenção de repassá-las a outros investigados, além de alinhar versões com aliados.
A defesa, no entanto, refuta as alegações, argumentando que as acusações se baseiam apenas no depoimento de Mauro Cid, descrito por Oliveira Lima como “um delator com credibilidade zero”.
Além disso, a PF apontou que Braga Netto teria financiado as ações dos oficiais das Forças Especiais do Exército, conhecidos como “kids pretos”, em um plano para assassinar o ministro Alexandre de Moraes, do STF, o presidente Lula (PT) e o vice Geraldo Alckmin.
Segundo Mauro Cid, Braga Netto entregou recursos aos golpistas em uma sacola de vinho, informação também mencionada em sua delação premiada.
“É uma mentira essa acusação, o general nunca entregou dinheiro para financiar qualquer tipo de plano. É no mínimo curioso, para ser gentil, que oito meses depois, o colaborador, que já mudou de versão várias vezes, agora traga essa fantasiosa versão”, rebateu Oliveira Lima.