
Ao anunciar nesta terça-feira (25) a abertura de um novo inquérito para investigar o ataque a faca contra o candidato do PSL Jair Bolsonaro, antes mesmo de encerrar o primeiro, a Polícia Federal procura chifres em cabeça de cavalo numa busca que tende a favorecer o líder das pesquisas na corrida presidencial, ao manter vivo no noticiário o fato que transformou em vítima o maior propagandista da violência.
Se antes já havia suspeição do benefício a Bolsonaro na atitude da PF ao anunciar para a véspera do pleito a divulgação dos resultados do primeiro inquérito, ela parece agora se ampliar porque a abertura da segunda investigação ocorre menos de 24 horas após o próprio candidato questionar o resultado prévio da primeira investigação, que vazou no final de semana, dando conta de que Adélio Bispo de Oliveira agiu sozinho.
Como reclamou Bolsonaro, o delegado regional de Combate ao Crime Organizado da PF de Minas Gerais, Rodrigo Morais, disse que vai apurar a eventual participação de uma organização criminosa na autoria do crime confessado pelo agressor, preso em flagrante logo após o ataque, no dia 6 de setembro, em Juiz de Fora, e agora recolhido a uma penitenciária de segurança máxima em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.
A abertura do novo inquérito coincide com a divulgação da última pesquisa de intenções de votos do Ibope, que mostra Bolsonaro estagnado na corrida eleitoral diante de um substancial crescimento da candidatura de Fernando Haddad, do PT. A pesquisa mostrou que em apenas duas semanas Haddad saiu de seis para 22 pontos percentuais, o que lhe confere um empate técnico com os 28% Bolsonaro no limite da margem de erro do levantamento, de dois pontos.
Além disso, a própria pesquisa do Ibope, além de isolar Haddad como o único candidato com chances de chegar ao segundo turno com Bolsonaro, projeta também uma vitória do petista sobre o ex-capitão do Exército no segundo turno com uma vantagem de seis pontos percentuais, de 43 a 37.
Ao prorrogar, com o novo inquérito, a vitimização de Bolsonaro, a Polícia Federal concorre diretamente para ajudar a estancar sua queda na pesquisa. Isso ocorre porque o candidato, embora lidere também a maior rejeição entre todos os demais concorrentes, acaba sendo socorrido pelo espírito de solidariedade do povo brasileiro, como ocorreu depois que ele sofreu a facada em Juiz de Fora.
Sem Lula na disputa e sem a definição de Fernando Haddad como seu substituto na chapa do PT, o Ibope divulgou uma pesquisa no dia 5 de setembro, véspera da agressão a Jair Bolsonaro. Neste levantamento, ele estava com 22% e durante toda a sua internação foi a 26% e chegou a atingir 28%, há uma semana, percentual em que estacionou segundo a pesquisa de ontem, num claro favorecimento com a agressão sofrida.
Com a divulgação do primeiro inquérito prometida para a próxima sexta-feira e a abertura da segunda investigação anunciada hoje, a Polícia Federal contribui de forma enfática para sustentar às vésperas da eleição uma comoção em torno de Bolsonaro, que lhe trará mais solidariedade e inevitável benefício eleitoral, como as pesquisas feitas enquanto ele estava hospitalizado já demonstraram.