Novo presidente do Senado é suspeito de nepotismo, constranger servidores para obter apoio eleitoral e uso de documentos falsos

Atualizado em 3 de fevereiro de 2019 às 7:42
Davi Alcolumbre

Por Joaquim de Carvalho.

O advogado Diogo Cabral, da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos, levantou mais alguns pobres que fazem parte da biografia de Davi Alcalumbre, o novo presidente do Senado, que se elegeu com a mensagem de ser uma novidade na política e um contraponto à imagem desgastada e desgastante (para a instituição) de Renan Calheiros.

Esses novos relatos se somam a outros, publicados pelo DCM no artigo Quem é Davi Alcolumbre, que se apresenta como anti-Renan, mas parece mais o seu espelho.

O advogado Cabral lembra que Davi Alcolumbre empregou, com recursos públicos,  a mulher de um primo, Vânia Alcolumbre, em seu escritório político em Macapá.

Alcolumbre para nomeou para seu gabinete em Brasília a esposa do chefe da Casa Civil do governo Bolsonaro, Onyx Lorenzoni, com salário de R$ 6.700,00.

O senador é o campeão na prática de pedir reembolso por despesas do gabinete, o chamado cotão.

Entre 2015-2018, reembolsou R$ 1,46 milhão de recursos públicos, principalmente com divulgação da atividade parlamentar, como envio de cartas a eleitores, propagandas em veículos de comunicação e impressos.

Em 2017, o desembargador Agostino Silvério, do Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP), determinou a quebra do sigilo bancário do contador de sua campanha, Rynaldo Antônio Machado.

A medida foi tomada na investigação sobre a prestação das eleições 2014, em que foram encontradas irregularidades graves, como a falsificação de notas fiscais e de documentos públicos, o que teria contribuído para a configuração de abuso de poder econômico e político.

Foram estas denúncias que provocaram a abertura de dois inquéritos contra Davi Alcolumbre, autorizados pelo Supremo Tribunal Federal, o Nº 4353, por crimes eleitorais, e o Nº 4677, por crime contra a fé pública e uso de documento falso.

Pesa também contra ele a suspeita de que tenha constrangido servidores comissionados da prefeitura de Macapá a apoiá-lo, sob pena de serem demitidos, e do Batalhão de Operações Especiais da PM/AP e do Corpo de Bombeiros Militar, sob pena de transferência para outra unidade.

Este é o novo na política, cuja eleição à presidência do Senado levou o coordenador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, a comemorar.

“O Brasil está mudando”, escreveu ele no Twitter, logo depois da tumultuada eleição de Davi Alcolumbre.

O Senado, é preciso lembrar, é responsável pela sabatina e aprovação do nome indicado pela presidência da república para o cargo de procurador geral da república, que teria sido prometido por Jair Bolsonaro e Sergio Moro a Deltan Dallagnol.

Fica a dúvida: O coordenador da Lava Jato já estaria fazendo política ao apresentar como evidência de mudança no Brasil a eleição de um político com práticas que remontam ao que há de mais atrasado?

A conferir.

O sucessor de Raquel Dodge será indicado daqui a sete meses.