Novos diálogos revelam que Moro e Dallagnol agiram como milicianos, acobertados pela Globo. Por Joaquim de Carvalho

Atualizado em 5 de julho de 2019 às 8:44
Moro recebe um prêmio da Globo com João Roberto Marinho à sua esquerda: sintonia

O Globo destaca na primeira página de hoje, além da reforma da Previdência, uma notícia sobre prisão de milicianos no Rio de Janeiro.

Mas poderia ter publicado a manchete devastadora que ocupa a capa da revista Veja: “Novos diálogos revelam que Moro orientava ilegalmente ações da Lava Jato”.

Não publicou porque o grupo Globo não faz jornalismo, mas lobby. Defende Moro, a farsa do herói que ajudou a construir, e quer a reforma da Previdência que encherá os bolsos de banqueiros e outros milionários que vivem da especulação financeira.

Um assunto está ligado ao outro. Não houvesse Moro, não haveria Bolsonaro e a reforma da Previdência não seria esta que está sendo aprovada pela Câmara.

Globo foi o primeiro grupo de comunicação procurado pelo jornalista Glenn Greenwald para publicar, em parceria com o Intercept e com exclusividade, as mensagens vazadas por uma fonte mantida sob anonimato.

Não quis a parceria.

Como a Folha de S. Paulo anteriormente, a revista checou um a um os diálogos que recebeu e concluiu que são autênticos:

“Palavra por palavra, as comunicações examinadas pela equipe são verdadeiras e a apuração mostra que o caso é ainda mais grave. Moro cometeu, sim, irregularidades. Fora dos autos (e dentro do Telegram), o atual ministro pediu à acusação que incluísse provas nos processos que chegariam depois às suas mãos, mandou acelerar ou retardar operações e fez pressão para que determinadas delações não andassem. Além disso, revelam os diálogos, comportou-se como chefe do Ministério Público Federal, posição incompatível com a neutralidade exigida de um magistrado”, registrou.

Globo tem jornalistas capazes e em número mais do que suficiente para fazer esse trabalho, como mostra a cobertura dos milicianos no Rio de Janeiro.

O problema é o compromisso com a farsa.

Quem dirige o jornalismo da empresa finge não saber que a atuação de Moro, Deltan Dallagnol e o bando deles equivale ao das milícias.

Durante anos, se comportaram como se não houvesse lei no Brasil. O que prevalecia era a vontade do grupo.

Perseguiram adversários políticos, assassinaram reputações e feriram a democracia. Tudo em nome de um projeto político.

Combate à corrupção é que não era, já que ajudaram a colocar no poder Michel Temer, escala necessária para a chegada de Bolsonaro/Moro ao poder.

Ao mesmo tempo que cometiam abuso, Moro era homenageado por quem dirigia a Globo e seu jornalismo. Os abusos já eram notórios, faltavam os diálogos.

Hoje, com os diálogos revelados, Globo ajuda Moro na tarefa de tentar desqualificá-los e coloca foco sobre a origem da mensagem e não sobre a mensagem.

É manipulação.

Passou da hora desses farsantes saírem de cena e pagarem pelos seus crimes.

O Brasil é maior do que Globo e as autoridades que estão a serviço do projeto que ela representa, o do atraso.