Número de brasileiros que não beberam álcool em 2025 chega a 64% e bate recorde

Atualizado em 13 de novembro de 2025 às 13:42
Homem recusa copo de bebida alcoólica. Foto: Reprodução

A nova edição do levantamento Álcool e a Saúde dos Brasileiros mostrou uma mudança inédita nos hábitos do país: 64% da população declarou não consumir bebida alcoólica em 2025. O crescimento da abstinência foi impulsionado principalmente pelos jovens de 18 a 34 anos, que passaram a beber menos e com menor frequência. Entre os mais novos, a taxa saltou de 46% para 64% em dois anos.

O consumo abusivo entre jovens também caiu, passando de 20% para 13% na faixa de 18 a 24 anos. Especialistas apontam que o comportamento da geração mais jovem segue uma tendência observada em outros países.

Alguns fatores, como histórico familiar ou busca por um estilo de vida mais saudável, ajudam a explicar escolhas individuais, como a do administrador Lucas Dantas, de 33 anos, que evita o álcool por questões pessoais e esportivas.

A pesquisa identificou ainda que a abstinência cresceu mais entre pessoas com ensino superior, moradores do Sudeste e classes A/B, especialmente em capitais e regiões metropolitanas. Já nas classes mais baixas, o padrão não se repetiu. O levantamento também apontou queda na frequência do consumo: menos brasileiros bebem semanalmente e mais de um terço dos consumidores limita-se a uma ou duas doses por ocasião.

Garrafas de bebida em bar. Foto: Reprodução

Apesar da alta na abstinência, o consumo abusivo permanece como desafio. Embora tenha recuado de 17% para 15% no país, muitos bebedores abusivos não reconhecem o problema: 82% acreditam beber de forma moderada e apenas 9% admitem exagero. Para especialistas, essa percepção distorcida dificulta mudanças de comportamento e mascara riscos importantes à saúde.

O levantamento também identificou grupos mais vulneráveis ao consumo pesado (sete doses ou mais em uma única ocasião) como homens, pessoas de 25 a 44 anos, indivíduos com ensino médio e moradores das regiões Norte e Centro-Oeste. Campanhas de prevenção e educação são consideradas essenciais para atingir esses públicos.

Os dados de mortalidade e internações reforçam a preocupação. Em 2023, o álcool esteve associado a mais de 73 mil mortes, com forte impacto na população acima de 55 anos. Internações relacionadas ao uso nocivo também cresceram, somando mais de 418 mil em 2024. Estados como Paraná, Espírito Santo e Mato Grosso do Sul apresentam índices muito acima da média nacional.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reforça que não existe consumo totalmente seguro de álcool. Mesmo ingerido em pequenas quantidades, aumenta o risco de doenças cardiovasculares e de vários tipos de câncer. Pesquisadores alertam que a percepção de “moderação saudável” não encontra respaldo científico e que qualquer redução no consumo já traz benefícios à saúde.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.