
O ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), divergiu da maioria dos magistrados e votou contra a condenação da deputada federal afastada Carla Zambelli (PL-SP) por porte ilegal de arma. A análise do caso foi retomada nesta sexta (15) em sessão virtual, que vai até 22 de agosto.
Nunes Marques não apresentou justificativa detalhada, limitando-se a registrar sua decisão contrária à condenação. O procedimento impede qualquer argumentação oral sobre o voto.
O episódio em julgamento ocorreu em 2022, na véspera das eleições presidenciais, quando Zambelli, aliada do então presidente Jair Bolsonaro, perseguiu o jornalista Luan Araújo pelas ruas de São Paulo com uma arma em punho.
Até o momento, há maioria formada para condenar Zambelli a 5 anos e 3 meses de prisão e cassar seu mandato. O julgamento foi suspenso em março por pedido de vista de Nunes Marques, mas os ministros Cristiano Zanin e Dias Toffoli anteciparam seus votos, seguidos por Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia e Flávio Dino, formando um placar parcial de 6 a 1 a favor da condenação.
Ainda faltam votar os ministros Luiz Fux, Edson Fachin e Roberto Barroso, que podem alterar o resultado final.

Zambelli já possui outra condenação de 10 anos de prisão pela invasão de sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Na ocasião, ela tentou incluir um falso mandado de prisão contra Alexandre de Moraes e um alvará de soltura para um líder do Comando Vermelho. A defesa nega as acusações, alegando que a condenação se baseia apenas na delação do hacker Walter Delgatti Neto.
Zambelli também enfrenta processo na Justiça Eleitoral. Em janeiro de 2025, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) cassou seu mandato por divulgar informações falsas sobre o sistema eleitoral, tornando-a inelegível por oito anos, decisão que cabe recurso.
Atualmente, a deputada está presa na Itália e tenta evitar a extradição. O governo brasileiro solicitou seu retorno para cumprimento da pena no país e o processo de segue em tramitação no judiciário local.