
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), sancionou integralmente o projeto que altera o zoneamento do Instituto Butantan e autoriza a construção de prédios de até 48 metros, além do corte de até 1,7 mil árvores. A medida, publicada no Diário Oficial desta quinta-feira (18), atende a um pedido formal do próprio instituto, que argumenta necessidade de expandir sua estrutura fabril e ampliar a produção de vacinas.
A mudança, porém, enfrentou forte resistência de moradores do entorno e de movimentos ambientais, que alertam para impactos no trânsito, poluição sonora e potenciais riscos biológicos.
A nova legislação aumenta limites de ruído da área urbanizada do instituto, permitindo barulho de zona industrial, entre 55 e 65 decibéis, e autoriza usos variados, desde atividades de pesquisa e saúde até fabricação de produtos químicos. As regras mais flexíveis concentram-se no trecho próximo à Avenida da Universidade.
Ao Estadão, a direção do Butantan afirmou ter reduzido o número de árvores a serem cortadas, de 6,6 mil para 1,7 mil, e prometeu o plantio de outras 9 mil, embora parte desses compromissos não conste no texto final. A instituição nega qualquer risco biológico e afirma adotar medidas para mitigar a poluição sonora.
O Ministério Público de São Paulo abriu inquérito civil para investigar o plano de expansão, que altera o PIU Arco Pinheiros, vigente há apenas nove meses.

A lei veta o corte de árvores nativas na maior parte do terreno e prevê compensação ambiental com plantio de espécies que reforcem o corredor verde. O texto também limita o biotério, alvo de críticas de moradores por ruído, estabelecendo que a instalação “deverá se adequar aos novos parâmetros de ruído, vedada qualquer possibilidade de ampliação”.
O Butantan defende que a ampliação, estimada em 19,8% da área total, é fundamental para acelerar a produção de vacinas como HPV e dTpa, com investimento previsto de R$ 1,2 bilhão via BID e BNDES. A instituição sustenta que deslocar o projeto para outra região atrasaria acordos e encareceria a operação, embora negocie uma expansão adicional no Jaguaré.
O movimento SOS Instituto Butantan, que reúne cerca de 6 mil apoiadores, pede que a expansão ocorra em outras áreas do instituto ou em regiões industriais vizinhas. Segundo o grupo, “a expansão ocorrida por volta de 2020 já acarreta grandes danos para a população local, com ruídos permanentes vindos principalmente do novo biotério”.