O absurdo vitimismo corintiano e a terceirização da culpa

Atualizado em 19 de novembro de 2014 às 14:28
Mano Menezes e Romarinho
Mano Menezes e Romarinho

 

Este é um exercício de lógica básica: Corinthians, não é culpa do São Paulo a sua desclassificação precoce do Campeonato Paulista.

O que o Tricolor tem a ver com os 16 gols que vocês tomaram em 13 jogos? O que eles têm a ver com as 5 derrotas (4 seguidas)? Ou então com o aproveitamento de 50% dos pontos? O que eles têm a ver, enfim, com a campanha do time durante todo o campeonato?

A gente não pode ignorar que a situação atual do clube na competição foi construída durante as 14 rodadas. E o que o São Paulo tem com isso?

Tem-se falado muito que o Corinthians não dependia de suas forças por conta do formato atual do Paulistão, que o impede de jogar contra o Ituano, equipe posicionada logo acima na tabela de classificação. Mas isso não é verdade. O Corinthians teve 14 rodadas para se classificar e dependia, sim, somente de suas forças.

Romarinho declarou no final da partida de ontem que sabia que o Tricolor entregaria o jogo. “Todo mundo sabe que foi armado, mas fazer o que?” Fazer o que, Romarinho? Que tal jogar bola? Fazendo isso o Corinthians não dependeria de ninguém.

Se o time do Parque São Jorge tivesse ganhado o jogo de ontem e alguma outra partida em que saiu derrotado (como a disputa contra o próprio São Paulo, por exemplo), hoje teria seis pontos a mais, o suficiente para ultrapassar o Ituano na classificação.

Corintianos, assim como vocês não atribuíram a permanência do Timão na elite do Paulista em 2005 ao São Paulo (ou ao Grafite), não responsabilize-os pela desclassificação na primeira fase deste ano.

Sejamos razoáveis. Essa terceirização da culpa não ajuda o Corinthians a resolver os seus problemas. Pelo contrário, vai escondê-los. Siga o exemplo de Edu Gaspar, gerente de futebol do Corinthians, que ao contrário de Romarinho mostrou clareza de raciocínio nessa segunda ao declarar que o problema foi o próprio time.

Para benefício do Corinthians, é preciso que os torcedores, jogadores e comissão técnica não caiam em pensamentos vitimistas. A começar por Mano Menezes, que insiste em procurar o erro fora de seus domínios. É difícil haver um jogo em que ele não crie atrito com o juiz.

O técnico demonstrou sua opinião sobre a desclassificação ao dizer que os “Deuses do futebol” – que sempre são justos, claro – irão cuidar do caso. O que Mano talvez não saiba é que, na transmissão de ontem, vazou um comentário seu dizendo que manda seus jogadores caírem em campo quando isso é conveniente ao seu time.

“Vamos esperar o que os deuses vão fazer.” Talvez eles já tenham feito, treinador.