
O filme “O Agente Secreto”, de Kleber Mendonça Filho, foi escolhido pela Academia Brasileira de Cinema para representar o Brasil na corrida por uma vaga no Oscar 2026. A cerimônia está marcada para 15 de março do próximo ano. A primeira lista de pré-selecionados será divulgada em 16 de dezembro de 2025, enquanto os indicados finais sairão em 22 de janeiro de 2026.
A escolha foi anunciada nesta segunda (15) e celebrada como um marco para o cinema nacional. Em nota, a Academia ressaltou que a indicação reflete a vitalidade da produção brasileira em um momento de mudanças políticas e sociais, apontando que há simbolismo da obra em tempos de debate sobre memória histórica e justiça.
A trama se passa no Recife (PE) de 1977 e acompanha Marcelo (Wagner Moura), um especialista em tecnologia que retorna à cidade natal em busca de redenção. No entanto, ele encontra um país dominado pela ditadura militar, onde os traumas da repressão se entrelaçam às suas próprias dores pessoais.
O longa usa o período autoritário como pano de fundo para construir um thriller político carregado de tensão. Entre memórias, segredos e feridas abertas, a narrativa mostra que nem mesmo a ciência ou a tecnologia são capazes de apagar as marcas de um passado de violência e perseguição.

Filmado em Recife, Brasília e São Paulo, com parte da pós-produção feita na Europa, “O Agente Secreto” é uma coprodução internacional. O projeto buscou unir a força criativa do cinema brasileiro a parcerias estrangeiras para ampliar seu alcance e competitividade no circuito mundial.
O longa foi recebido com entusiasmo no Festival de Cannes, onde arrancou nove minutos de aplausos após a exibição. Críticos estrangeiros destacaram a densidade dramática e a relevância política da obra. Para David Ehrlich, do IndieWire, trata-se de um filme que dialoga com obras recentes como “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, embora com abordagem própria.
A escolha da Academia Brasileira de Cinema gerou briga nas redes nos últimos dias. A atriz Fernanda Torres chegou a ser detonada por elogiar o filme “Manas”, de Marianna Brennand, mas negou ter se manifestado contra a indicação de “O Agente Secreto” ao Oscar.
Além de “Manas”, o filme de Kleber Mendonça Filho disputava o posto contra “O Último Azul”, “Baby”, “Kasa Branca” e “Oeste Outra Vez”.