Há um detalhe que me chamou a atenção na peroração do ministro Luís Roberto Barroso no TSE, quando votou pela impugnação da candidatura de Lula.
Não no discurso em si — de resto, mais previsível que o especial de Natal de Roberto Carlos.
Barroso tem um anel vistoso na mão direita. O dândi da corte gosta desse adereço.
É o único do STF que carrega o distintivo. Os demais têm só a manjada aliança na esquerda.
Um amigo jurista me conta que se chama “anel de advogado”, “de juiz” ou “de direito”.
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É presente de formatura. Em geral, ele é de rubi. Assim manda a tradição. Vermelho para os operadores do Direito.
O de Barroso é preto e dourado. Ele já usou um todo dourado.
É uma herança dos tempos em que os anéis eram símbolo de autoridade e poder. Escravos não eram autorizados a ostentar.
Alguns funcionavam com sinete, gravados com o nome ou o brasão da família.
A Bíblia fala deles. Era empregado na impressão sobre barro não-seco ou cera para legitimar documentos oficiais.
Os maçons ainda usam.
Há vários retratos de aristocratas europeus com o enfeite.
Um dos mais conhecidos é o do alemão Joaquim I, príncipe de Anhalt-Dessau no século 16, pintado por Lucas Cranach, o Velho.
Um velho símbolo de status.
Atualmente, um negócio de uma cafonice imensa, a não ser que você seja o Keith Richards ou o Papa Francisco.
Um “anel de juiz”, hoje em dia, deveria vir com um ímã embutido, de modo a atrair a mão de quem o usa para sua face e a pessoa não conseguir parar de se socar.