O “anel de juiz” de Barroso. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 2 de setembro de 2018 às 11:15
O “anel de juiz” de Barroso

Há um detalhe que me chamou a atenção na peroração do ministro Luís Roberto Barroso no TSE, quando votou pela impugnação da candidatura de Lula.

Não no discurso em si — de resto, mais previsível que o especial de Natal de Roberto Carlos.

Barroso tem um anel vistoso na mão direita. O dândi da corte gosta desse adereço.

É o único do STF que carrega o distintivo. Os demais têm só a manjada aliança na esquerda.

Um amigo jurista me conta que se chama “anel de advogado”, “de juiz” ou “de direito”.

Você encontra em sites de compra online por até 2 mil reais.

É presente de formatura. Em geral, ele é de rubi. Assim manda a tradição. Vermelho para os operadores do Direito.

O de Barroso é preto e dourado. Ele já usou um todo dourado.

No TSE

É uma herança dos tempos em que os anéis eram símbolo de autoridade e poder. Escravos não eram autorizados a ostentar.

Alguns funcionavam com sinete, gravados com o nome ou o brasão da família.

A Bíblia fala deles. Era empregado na impressão sobre barro não-seco ou cera para legitimar documentos oficiais.

Os maçons ainda usam.

Há vários retratos de aristocratas europeus com o enfeite.

Um dos mais conhecidos é o do alemão Joaquim I, príncipe de Anhalt-Dessau no século 16, pintado por Lucas Cranach, o Velho.

Um velho símbolo de status.

Atualmente, um negócio de uma cafonice imensa, a não ser que você seja o Keith Richards ou o Papa Francisco.

Um “anel de juiz”, hoje em dia, deveria vir com um ímã embutido, de modo a atrair a mão de quem o usa para sua face e a pessoa não conseguir parar de se socar. 

O retrato do príncipe Joachim von Anhalt, do século 16, com seus anéis sinetes