O bebê-diabo, o chupa-cabra do déficit zero e a dama do tráfico. Por Moisés Mendes

Atualizado em 20 de novembro de 2023 às 8:23
Luciane Farias e logo do “Estadão”. (Foto: Reprodução)

A dama do tráfico do Estadão do século 21 é o bebê-diabo do Notícias Populares do século 20, com muitas semelhanças e uma diferença elementar. Ambos são invenções do jornalismo sem escrúpulos.

Ambos se prestam a divertir quem finge acreditar nas criaturas. E nos dois casos os jornais sabiam e sabem que serão desmascarados e que isso não muda nada. Farsas verdadeiras sobrevivem como farsas autênticas.

A diferença básica é esta. O Notícias Populares era sincero no seu jornalismo de entretenimento e de exploração de crendices, sem qualquer outro efeito colateral. O jornal entregava o que sei leitor pedia.

O Estadão é fraudulento na sua ambição de ser a voz da ética, da moral e do conservadorismo da família brasileira. A dama do tráfico é uma farsa ruim, com danos graves.

A farsa do bebê-diabo não era sustentada por nenhum discurso calhorda. A farsa da da dama do tráfico entrega um personagem num contexto de manipulação de informações políticas.

O Estadão tem a pretensão de apontar desmandos do governo, sabendo que usou uma mulher para criar uma caricatura e assim atacar Lula. Sabe que sua verdade é uma mentira dolosa.

O Estadão dos Mesquita deixa de ser um produto jornalístico do conservadorismo e se alinha ao que existe de pior na produção de conteúdo do fascismo em tempos bolsonaristas.

Jornalistas e comentaristas que reproduzem a história da dama do tráfico sabem que estão se dirigindo a quem finge acreditar no que eles escrevem e dizem.

Algo em torno de um terço da população, se consultada em pesquisa, dirá que acredita na dama do tráfico. Como acredita em quase tudo que Bolsonaro diz. Como reproduz, em grupos de tios do zap, as fake news antiLula, antiPT e antigoverno.

Capa do “Notícias Populares” em 11 de maio de 1975, com destaque para o “nascimento do bebê-diabo”. Foto: Reprodução

Acreditam ou fingem acreditar que Luciane Farias é a dama do tráfico os mesmos que fingem ter certeza de que Bolsonaro ajudou a libertar os brasileiros aprisionados por Israel em Gaza.

A história da dama não explora ignorâncias, mas dá de comer à índole farsante dos fascistas e oferece novas pautas aos tios que pregavam e agiam pelo golpe.

Também é assim, não pensando em fidelizar seu público, que jornalistas tentam sabotar a economia e manter Lula acossado com a cobrança do déficit zero.

Jogam para a torcida do déficit zero e para os que fingem acreditar na história da dama do tráfico, porque o contingente é quase o mesmo.

Os que absorvem a mentira por ignorância são a minoria, a mesma que aguardava orientações de marcianos para levar adiante o golpe e que ficou esperando no 8 de janeiro o general montado num cavalo branco.

Mas a grande maioria está viciada em fake news, sabendo que consome e dissemina fake news. É a tática que funciona para manter os semelhantes acordados. Eles pedem uma dama do tráfico.

Não há nessa maioria quem se atreva a cometer o autoengano de que se convenceu das conexões de Flavio Dino com traficantes. Tampouco há entre eles quem desconfie que seus parceiros de zap também acreditem.

Mas é preciso fingir que acreditam e que os jornalões cumprem suas tarefas na criação de bebês-diabos. É preciso levar adiante a farsa de que Luciane seria a Pabla Escobar brasileira.

O bebê-diabo do Notícias Populares seria filho de um fazendeiro. A dama do tráfico tem vários pai. Um pai matural um natural, o Estadão, e mais dois pais e adotivos, a Folha e o Globo.

Muitos dos criadores das criaturas são bolsonaristas dissimulados e aflitos porque não conseguem viver publicamente o que de fato são. Eles são pais do ET de Varginha do arcabouço fiscal e do chupa-cabra do déficit zero.

Publicado originalmente em Blog do Moisés Mendes

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