O blogueiro de Eduardo Cunha que sugeriu o suicídio de Dilma. Por Leo Mendes

Atualizado em 4 de novembro de 2015 às 7:05
Blog bilíngue
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Cláudio Lessa, diretor-executivo da Secretaria de Comunicação Social da Câmara dos Deputados, faz parecer que a internet é uma terra sem lei e que a comunicação da Câmara é dominada por maus humoristas.

Ele já sugeriu numa enquete em seu blog que a presidente Dilma cometesse suicídio, já chamou Lula de bandido cachaceiro, e sua mais recente “irreverência” foi dizer no Twitter que “com seu plantel feminino dos infernos, os governos petralhas de Lulla e Dilma são um Halloween permanente” .

O deputado Wadih Damous (PT-RJ) pediu nessa terça feira no plenário da Câmara o afastamento de Lessa do cargo.

“Isso é uma falta de respeito, é ofensivo, injurioso, e não é a primeira vez que esse cidadão se manifesta dessa forma. Outro dia ele se manifestou de maneira racista contra a repórter Maju da Rede Globo e mais uma vez se manifesta de forma desrespeitosa, misógina em relação às mulheres. É de se exigir esclarecimentos e esse cidadão não pode permanecer à frente de um cargo tão importante na Câmara dos Deputados”.

Lessa se considera engraçadíssimo. “Eu procuro encarar as coisas com humor. Se olhar o blog vai ver que é tudo piada”, afirmou à época da enquete com a proposta de suicídio.

Talvez também se considere um exemplo de beleza masculina para ironizar a aparência das mulheres.

Parece apaixonado pelo espelho e confere a si mesmo relevância suficiente para traduzir para o inglês todo o seu blog, apesar da maioria das publicações/ posts não ter nenhum comentário nem mesmo em português.

Foi escolhido por Eduardo Cunha para o cargo, o que por si só já parece suficiente para termos uma ideia de quem se trata.

Por que foi escolhido?

Talvez lealdade ao PMDB, talvez seu antipetismo expresso há tempos em suas mídias sociais.

Na direção da Comunicação da Câmara faz uma dobradinha com Laerte Rimoli, também escolhido por Cunha, e que coordenou a comunicação da campanha de Aécio Neves à presidência. Rimoli segue a mesma linha de indignação seletiva de Lessa, com ofensas e calúnias direcionadas exclusivamente a petistas. Contra Cunha, nenhuma palavra/word.

Lessa é, em tese, chefe de Rimoli, que é, em tese, editor-chefe de todos os veículos de comunicação da Câmara (tevê, rádio e agência de notícias). Na prática, Rimoli manda em Lessa, que funciona como uma espécie de Rainha da Inglaterra odiosa. E Rimoli, o primeiro-ministro que manda de fato.

Rimoli é amigo e ex-chefe (na época da Globo, RJ TV) de Cláudia Cruz, mulher de Cunha.

Já Lessa apresentava programas locais da Globo em Brasília na década de 70. Mudou-se para os Estados Unidos nos anos 80, onde foi correspondente da Manchete, do Correio Braziliense, da Veja e da rádio CBS.

De volta ao Brasil, já nos anos 2000, passou em um concurso para trabalhar na área de comunicação da Câmara, o que, a julgar por seu textos e piadas, faz-nos questionar quem foram os avaliadores.

Desde que a dupla assumiu a diretoria, deputados que criticam a permanência de Cunha na presidência da Câmara reclamam que estão sendo cortados da programação dos veículos da casa e do uso político desses veículos.

A TV Câmara, por exemplo, pela primeira vez em sua história, deixou de transmitir debates no plenário para passar ao vivo o julgamento do Tribunal de Contas da União sobre o orçamento do governo e as “pedaladas”, que no imaginário golpista serviria ao impeachment de Dilma.

Uma sessão solene em homenagem ao PSOL também deixou de ser transmitida, segundo Lessa, por não despertar “interesse jornalístico”, ao mesmo tempo que sessões de outros partidos foram transmitidas.

O “interesse jornalístico” de Lessa, a julgar também por suas redes sociais, inclui a produção fascista de páginas como Revoltados On Line, fartamente compartilhada pelo diretor, junto a seus comentários irreverentes.

Segundo Lessa, toda sua indignação piadista é inspirada no combate aos corruptos.

De acordo com o seu texto de apresentação no blog, considera a corrupção”algo repelente”, apesar da proximidade que mantém de Cunha, sem apresentar nenhum incômodo.