“O Brasil é soberano”: governo reage à ofensiva articulada por Bolsonaro e Trump

Atualizado em 13 de julho de 2025 às 14:36
Jair Bolsonaro e Donald Trump. Foto: reprodução

Diante da tarifa de 50% imposta por Donald Trump a produtos brasileiros, o governo Lula (PT) prepara uma contraofensiva política e midiática. A medida, vista como retaliação ao Supremo Tribunal Federal e apoio direto a Jair Bolsonaro, será usada pelo Planalto para reforçar a imagem de Lula como defensor da soberania nacional e dos setores mais pobres da população. A Secretaria de Comunicação (Secom) organiza uma campanha de mídia com peças em TV e redes sociais, com o slogan “O Brasil é soberano”.

Segundo auxiliares do presidente, a retaliação americana é uma oportunidade para ampliar o discurso de combate à desigualdade e expor o vínculo entre Bolsonaro, Trump e o governador paulista Tarcísio de Freitas, possível presidenciável em 2026. Um dos vídeos produzidos afirma que “ser contra a nossa soberania é ser contra o Brasil” e apresenta Lula como líder firme diante da tentativa estrangeira de interferência política e econômica.

A estratégia do governo inclui aproximar Lula de empresários e setores do agronegócio. A ideia é reforçar que a política externa de Trump, endossada por Bolsonaro e reverberada por Tarcísio, é prejudicial à economia brasileira. O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) foi escalado para liderar essas negociações e deve convocar o Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o “Conselhão”, para debater o impacto da medida.

Em paralelo, Lula aumentará sua exposição na mídia. Na última semana, concedeu entrevistas à TV Globo e à Record, onde associou a medida de Trump à cumplicidade de Bolsonaro com o ataque aos interesses do Brasil. A avaliação no Planalto é que a crise deu novo impulso ao discurso de enfrentamento aos “poderosos” e reforça a necessidade de uma comunicação direta com a população.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sério, olhando para o lado
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Jornal Nacional – Reprodução/TV Globo

A Secom também planeja adotar, a partir de agosto, um novo slogan baseado na ideia de que Lula governa para os desfavorecidos — mas vai ampliar a definição de “pobre” para incluir microempreendedores, aposentados e trabalhadores informais. A meta é evitar que a mensagem fique restrita a programas como o Bolsa Família e alcançar setores mais amplos da sociedade.

Internamente, o governo avalia que a escalada de Trump e a comemoração bolsonarista oferecem um cenário favorável à construção de um antagonismo claro. A narrativa que ganha força é a de que, ao apoiar as tarifas, Bolsonaro traiu os interesses nacionais. Tarcísio, ao se associar publicamente a Trump, também será alvo da campanha, enquanto Lula buscará apoio entre os setores econômicos prejudicados pela sobretaxa.