O Brasil jogou 45 minutos como campeão do mundo

Atualizado em 4 de julho de 2014 às 19:42
Gigante
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Ladies & Gentlemen:

Não sou profeta, mas tinha previsto o jogo de ontem, conforme sabem os que leram meu artigo escrito depois da partida contra o Chile.

A Colômbia, disse, embora seja um time melhor que o Chile, era um adversário mais agradável (nota da tradutora: pleasant) por ter um futebol aberto, ofensivo, dentro da escola clássica sul-americana.

Numa palavra, os jogadores brasileiros teriam o espaço que não encontraram contra o Chile e não encontrarão contra os germânicos.

Fora isso, os colombianos pareceram, sobretudo na parte inicial, intimidados pelo passado cheio de títulos do Brasil.

Respeitaram demais o Brasil, muito mais do que tinham respeitado os uruguaios, e isso fez diferença para o escrete brasileiro.

No primeiro tempo, o Brasil fez um gol logo no início e poderia ter feito outros se Neymar estivesse num bom dia.

Até Oscar, sumido desde a estreia contra a Croácia, reapareceu. Deu passes e, numa certa medida, ajudou a organizar o time.

O Brasil jogou, nos 45 primeiros minutos, como um potencial campeão. Não um grande campeão, é verdade, não como o Brasil de Pelé de 70 ou o de Ronaldo de 2002, mas desta Copa não sairá um grande campeão, pela limitação técnica das seleções.

Depois, foi quase o dilúvio.

David Luís chegou a aumentar, numa falta que mostrou que o batedor tem que ser ele e não Neymar, mas quando a Colômbia diminuiu num pênalti os brasileiros entraram em pânico – jogadores e torcedores.

Raras vezes quinze minutos demoraram tanto a passar, sob a ótica brasileira.

Agora é a Alemanha, e o sofrimento será intenso. Primeiro, porque os alemães não deixam jogador como os colombianos. Depois, porque os alemães não respeitarão tanto os brasileiros como os colombianos respeitaram.

Vou apostar as 200 libras que receberei por este artigo no Brasil contra a Alemanha.

Digo adiós, com reverência, aos bravos colombianos, e sobretudo ao craque James Rodrigues, a sensação desta Copa.

E só não vou ao pub de Parsons Green tomar merecidas Peronis porque aqui em Londres já é quase meia noite.

Sincerely.

Scott

Tradução: Erika Kazumi Nakamura

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Aos 53 anos, o jornalista inglês Scott Moore passou toda a sua vida adulta amargurado com o jejum do Manchester City, seu amado time, na Premier League. Para piorar o ressentimento, ele ainda precisou assistir ao rival United conquistando 12 títulos neste período de seca. Revigorado com a vitória dos Blues nesta temporada, depois de 44 anos na fila, Scott voltou a acreditar no futebol e agora traz sua paixão às páginas do Diário.