O Brasil na mão de um bando que finge que a greve falhou enquanto faz jabá no Ratinho. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 29 de abril de 2017 às 17:34
Largo da Batata, SP, 28 de abril de 2017

Faz sentido o ministro da Justiça Osmar Serraglio, indicação de Eduardo Cunha, se fazer de desentendido diante da greve geral.

Para Serraglio, que chamou líder de esquema descoberto na operação Carne Fraca de “grande chefe”, as manifestações foram “pífias” e não tiveram “a expressão que se imaginava”.

Diz ele que “forçou-se até a situação quando se percebeu que os resultados não eram os imaginados”.

“Vimos provocações em alguns lugares, interdições em outros locais, mas aqueles movimentos que nós fizemos de milhões não aconteceu. Logo, nós iremos prosseguir com as reformas que estamos introduzindo”, falou.

Fazendo coro ao chefe, foi criativo: “A população sabe que precisamos tomar um remédio amargo para uma doença triste. É difícil, mas é necessário”.

A “população” a que Serraglio se refere são, provavelmente, os 4% de cidadãos que, segundo a última pesquisa Ipsos, acham o governo bom ou ótimo.

Serraglio resumiu a gestão para a qual trabalha, formada por maganos que trabalham para si mesmos num Congresso de costas para o povo.

O centro das capitais esvaziou como num domingo de janeiro, os transportes não funcionaram, lojas fecharam, escolas públicas e particulares não abriram.

A casa de Michel recebeu a visita de milhares de brasileiros que não foram lá para cumprimentá-lo.

A quantidade de bocós que se dedicaram a tentar desmoralizar o movimento, como Rachel Sheherazade e os suspeitos de sempre, a campanha franca da Globo para criminalizar o ato depois de tentar ignorá-lo, as bravatas do prefeito João Doria — tudo isso atesta o tamanho da greve.

Segundo estudo da Fundação Getulio Vargas que mede o debate político baseado em menções a temas na internet, a hashtag #BrasilemGreve esteve entre os tópicos mais comentados mundialmente no Twitter.

Teve mais repercussão na rede que os protestos pelo impeachment de Dilma em 2015 e 2016, relata o site Poder360. Trata-se do momento mais crítico para o governo Temer desde seu início, atesta a FGV.

Sim, houve depredações, piquetes e confrontos, mas era um protesto e não uma micareta de gente com camiseta da CBF dançando em volta de um pato amarelo e tirando selfie com a polícia, tendo o metrô franqueado e esfiha gratuita no Habib’s.

O cinismo de Serraglio e a covardia de Temer não surpreendem. É desespero.

O Brasil de 2017 é chefiado por uma escumalha que paga jabá no programa do Ratinho enquanto as ruas pegam fogo.

Temer no Ratinho