O Brasil tornou-se um matadouro. Por Fernando Brito

Atualizado em 16 de maio de 2020 às 11:28
Presidente Jair Bolsonaro e o vice-presidente Hamilton Mourão exibem uma bandeira do Brasil durante discurso no Palácio do Planalto em Brasília – 01/01/2018 Evaristo Sá/AFP

PUBLICADO NO TIJOLAÇO

POR FERNANDO BRITO

Um da coisas que o tempo nos faz aprender é que situações de crise, por pior que sejam, estão fadadas a piorar quando se perdem os métodos para enfrentá-las e, em lugar do equilíbrio, joga-se na polarização como forma de conviver com elas e caminha para sua solução.

O Brasil está escrevendo, todos os dias, uma tragicomédia sobre como destruir o futuro de um grande país.

O ódio e a estupidez – e isso é pré-Bolsonaro – tornaram-se as métricas das soluções racionais e a desqualificação – e até a criminalização – do adversário político.

Os efeitos da pandemia, terríveis em si mesmos, amplificam-se aqui com a aplicação destes métodos também à gestão da Saúde, transformada em arena da “Operação Cloroquina”, uma nova versão das convicções suplantando as provas.

Os selvagens tomaram conta do país, inclusive e por obra dos selvagens que só começaram a falar em processos civilizados e formalidades legais quando as presas sanguinárias contra eles se voltaram.

A nossa antirrevolução quer e precisa de cabeças para cortar, porque ela se alimenta do prazer do sangue nas disputas políticas e administrativas.

O Brasil tornou-se um matadouro.

De gente e de sonhos.