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O caixa 2 de Skaf e o ‘Volta, FHC’ fazem parte do mesmo filme: ‘O pato sempre foi você’. Por Kiko Nogueira

FHC no set de “Walking Dead”

 

O Brasil se consagra cada vez mais como uma versão depravada da formulação de Churchill sobre a Força Aérea Real (“nunca tantos deveram tanto a tão poucos”).

Os coxinhas de diferentes matizes fascistas que foram às ruas clamar contra a corrupção estão saboreando, de maneira rápida e explícita como convém a esta era, a farsa de que participaram.

Paulo Skaf, presidente vitalício da Fiesp, patrocinadora do impeachment, foi citado por Duda Mendonça num depoimento ao MPF.

Segundo Mendonça, parte dos pagamentos da campanha de Skaf ao governo de São Paulo, em 2014, se deu através do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, uma espécie de departamento de propinas.

No TSE, a empresa de Duda consta como recebedora de 4,1 milhões de reais. Óbvio que esse é o número oficial. Skaf ainda levou 2,5 milhões em “doações” de construtoras investigadas na Lava Jato.

Em debate na Band, Paulo Skaf disse algo que, à época, foi tratado como gafe, mas olhando-se retrospectivamente era uma confissão.

Questionado pelo candidato Laercio Benko a respeito de seu voto, falou: “Meu voto pessoal é para Michel Temer”. Benko insistiu, mas a resposta foi a mesma.

Skaf estava, naquele momento, saindo do armário golpista e avisando que Temer estava no horizonte — como FHC, com seus artigos e entrevistas, uma proficuidade estranha para um homem de 85 anos.

Nosso colunista José Cássio levantou a bola: ele quer a presidência.

Em artigo na Folha de quinta, dia 3, seu velho assessor Xico Graziano revelou o intuito daquela marola toda: o golpe dentro do golpe.

Escreve ele:

Qual liderança poderá recolocar o Brasil nos trilhos do desenvolvimento? Como fazer a reforma política tão desejada? Quem conseguirá estabelecer conexão com a sociedade organizada nas redes? É o que todos querem saber.

Creio que somente o ex-presidente FHC se legitima, pela vasta experiência, sensatez e sabedoria, para nos conduzir nessa difícil travessia.

(…)

Pode ser que a Justiça acelere o processo político e casse a chapa Dilma-Temer. Nesse caso, o Congresso elegeria um presidente-tampão.

Seria Fernando Henrique, com certeza. Ele prepararia o caminho rumo ao porvir. Michel Temer, porém, poderá seguir até 2018. Aí, a decisão será popular.

Sejamos realistas: ou surge um oportunista de última hora, um salvador da pátria, um vendedor de ilusões, ou corremos o risco de ficar na pasmaceira da política tradicional.

Fernando Henrique é o amálgama do dilema brasileiro. Está velho demais, pode-se argumentar. Bobagem. É o mais espairecido dos velhos políticos. Malgrado sua idade, não perde sua inventividade. É o cara.

Volta, FHC.

 

Enquanto isso, a ministra Cármen Lúcia se declara “surpresa” com os altos índices de abstenção, votos nulos e brancos.

Volta, Dom João VI.

 

Kiko Nogueira

Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

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Kiko Nogueira

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