O caos de Cláudio Castro pode falhar, como falhou no 8 de janeiro. Por Moisés Mendes

Atualizado em 9 de novembro de 2025 às 7:37
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro. Foto: Reprodução/ICL

Cláudio Castro empurrou os jornalões para abordagens intensas e repetitivas sobre a ‘guerra’ à bandidagem organizada. E, como foi o provocador da pauta, a cada reportagem sobre traficantes e violência nas comunidades, seu nome é citado.

Castro repautou os jornalões, o governo, os cientistas sociais, os comentaristas políticos e todos os que pretendem dar algum palpite sobre o combate ao crime organizado.

E assim, incentivado pelas corporações de mídia, o governador habilitou-se a ser uma figura nacional, com pretensões até de se apresentar como sucessor de Bolsonaro. Castro ressuscitou a extrema direita.

A chacina foi o 8 de janeiro de Castro que aparentemente deu certo. Criou confusão e morte. O caos é a tática recorrente do fascismo, e foi isso o que ele pretendeu transmitir: sintam-se seguros com nossos tiroteios, porque mais adiante colheremos resultados.

Corpos estendidos na rua do Complexo da Penha após a retirada pelos moradores da zona da mata. Foto: Reprodução/O Globo

O 8 de janeiro de 2023 levaria à reabilitação do bolsonarismo pela confusão que conduziria a outras confusões e ao golpe. A chacina produziria o impacto da caçada e da matança e levaria a outros efeitos políticos favoráveis à direita.

Porque é preciso confundir mental e emocionalmente as pessoas no que seria a guerra contra o tráfico, que agora é também uma guerra ao terror. Ninguém pode parar para pensar no meio de uma guerra.

É tudo pela confusão, pelo tiroteio, pela violência e pela destruição. A invasão do 8 de janeiro foi um fracasso, e a ‘operação’ no Alemão e na Penha teve a repercussão conhecida.

Não são a mesma coisa, mas são parte da mesma estratégia de atacar e armar o caos, com cenários confusos, para que a direita capitalize o sentimento de que busca a ordem sempre quebrando e atirando.

O 8 de janeiro levou milhares de manés a tombarem diante da Justiça por Bolsonaro. A invasão das comunidades sacrificou quatro policiais, que morreram na operação.

Morreram por Claudio Castro e pela tentativa de encurralar Lula, mas oficialmente tombaram em nome da lei, da ordem e da paz. A extrema direita não constrói nada, só ataca, quebra e mata.

Com o tempo a ‘operação’, tem tudo para dar errado como ideia, como aconteceu com o 8 de janeiro. Vai prevalecer o sentimento de que foi mesmo só uma matança.

Moisés Mendes
Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim) - https://www.blogdomoisesmendes.com.br/