
O cartunista Laerte posou nu para a revista Rolling Stone em sua edição de aniversário. Aos 62 anos, Laerte fez um ensaio para o fotógrafo Rafael Roncato. Contou que “escolheu não viver sua homossexualidade por décadas”, mas que agora “não tinha mais como não ser eu”. Também lembrou do trágico acidente em que seu filho foi morto aos 22 anos, o que o levou a “reconsiderar tudo”.
Laerte é um desenhista imensamente talentoso, o melhor de sua geração (Angeli já admitiu isso). É adepto do crossdressing, ou seja, veste-se como mulher.
Há algum tempo, as fotografias provavelmente causariam um barulho enorme. Defensores e detratores se espancando. Mas o ensaio não virou notícia. Alguns comentários em redes sociais. Não sei se era a intenção da publicação ou do retratado, mas não houve polêmica. E isso é uma boa notícia.
Recentemente, o editor do site americano Gawker foi repreendido por organizações LGBT por pressionar um apresentador da Fox chamado Shepard Smith a sair do armário. Smith teria sido visto num bar com um homem. “Smith é uma figura pública, mas tem direito a uma vida privada. Como ele não age como um hipócrita, sair do armário publicamente é uma decisão que cabe somente a ele”, disse um ativista gay. Não havia escândalo possível e nem causa.
Quem se importa com a sexualidade de Laerte ou com o fato de ele ter tirado a roupa? Não muita gente. O Marco Feliciano não falou nenhuma besteira? Não.
É um avanço. Nos EUA, Meredith Hendrix-Jackson colocou seu álbum de casamento com sua parceira Kat Jackson no Tumblr. Tornou-se viral. Ela esperava uma reação homofóbica gigantesca.
Duas semanas depois, postou um agradecimento. “Não recebi uma mensagem de ódio, apenas parabéns. Não houve bullying. Nenhuma palavra inapropriada”. Meredith contou que, no início do namoro, sua companheira acabou sendo demitida porque o chefe flagrou as duas dando um beijo. “Alguma coisa mudou”.
Mudou. No news is good news.