O caso Carol Cabrino e a misoginia incrustada no futebol. Por Nathalí 

Atualizado em 11 de dezembro de 2022 às 13:54
Carol Cabrino e seu marido, o jogador Marquinhos. Reprodução Instagram

O brasileiro médio não perde uma oportunidade de mostrar que detesta mulheres.

Dessa vez, a vítima foi a influenciadora Carol Cabrino, esposa do jogador Marquinhos, que vem recebendo uma enxurrada de ataques nas redes sociais desde que o marido, camisa 4 da seleção brasileira, perdeu o pênalti contra a Croácia.

O que tem a ver o c* com as calças?

É, eu também não entendi ainda.

“Tá vendo tu, loira aguada” e “Pede pra ele se aposentar, já fez merda o suficiente” foram alguns dos comentários que a influencer recebeu nas redes – fora aqueles que é melhor a gente nem reproduzir (além das críticas, Carol recebeu muitos xingamentos).

Usuário de Instagram ofende o atleta Marquinhos no perfil de sua mulher, Carol Cabrino. Instagram

A sociedade do absurdo não cansa de se provar mais e mais viva.

Uma sociedade em que as pessoas sentem a necessidade de achincalhar uma mulher pelo erro do marido.

Um erro, aliás, de quem, até que se prove o contrário, tentou acertar. Um erro que – pra quem gosta – trouxe alguma emoção. Um erro que, se tivesse sido acerto, traria ao autor seus quinze minutos de fama e, se assim fosse, a mulher não ganharia seguidores.

A mulher só importa quando se perde. Se o homem errou, a mulher é crucificada junto. Se o homem acerta e tenta dar à mulher o crédito que merece por tê-lo ajudado no acerto, a sociedade não aceita – vide Janja, detestada por Cantanhêde.

A verdade é que o brasileiro médio se recusa a deixar a mulher em paz: quando erra, quando acerta, quando fala e quando fica quieta. Na sociedade do absurdo, a mulher está errada apenas por ser mulher.

Toda a minha solidariedade a Carol Cabrino, que desenvolve o seu trabalho na internet independente do trabalho do marido em campo e não merece passar pelo que vem passando. E ao brasileiro médio, meu lamento por tamanha ignorância.

E meu lamento maior ainda por não poder dizer, nesse texto, que futebol não combina com violência.

Depois dos ataques racistas, dos jogadores bolsominions, da misoginia óbvia, a gente já viveu o suficiente pra saber que combina, sim.

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