Crítico do que chama de coitadismo, Jair Bolsonaro é, hoje, o maior coitadista do país. Numa entrevista à TV Cidade Verde, do Piauí, bateu nas cotas.
“Quando eu era garoto, não tinha essa história de bullying. O gordinho dava pancada em todo mundo, hoje o gordinho chora. Acontecem brincadeiras entre crianças, elas estão ali se moldando, moldando o caráter”, afirmou.
“Isso não pode continuar existindo, tudo é coitadismo. Coitado do negro, coitada da mulher, coitado do gay, coitado do nordestino, coitado do piauiense. Tudo é coitadismo no Brasil. Vamos acabar com isso”.
As hordas neofascistas adoram acusar os adversários de “vitimização”, um desses termos que deveriam dar choque na língua de que os utiliza.
A julgar pelo que ele apregoa, trata-se de um dos homens mais perseguidos do planeta, uma espécie de Marina Silva do quartel.
Declarou-se atacado por Alckmin (“covardia”) na campanha. Usou atestados médicos para fugir dos debates. Quando foi liberado, a bolsa de colostomia virou a tábua de salvação.
Onyx Lorenzoni quase chorou ao transformar JB num mártir envolto numa nuvem de gases. “Um colostomizado peida, fede no meio de um debate político”, justificou.
Depois foi o general Augusto Heleno, alegando que ele temia um “atentado”.
Bolsonaro usa a democracia sob a qual vive para pregar a destruição dela. Acusa a falta de liberdade em ditaduras que não são de sua estimação.
Estamos a uma quadra de Cuba, da Venezuela, da Coreia do Norte, da União Soviética, da Líbia.
Um marciano burro que pousasse aqui e o escutasse haveria de pensar que Bolsonaro está preso numa cela, seminu, num pau de arara, subjugado — coisa que ele advoga para os opositores.
Meritocrata que repudia o abominável estado, Bolsonaro enriqueceu, justamente com os filhos, mamando em cargos públicos.
Como todo coitadista, a solução para seu sofrimento é a destruição dos inimigos. É preciso espalhar a tese de que sua autonomia está ameaçada para pedir o banimento do outro.
O coitadismo pode ser um grande negócio, desde que haja um número suficiente de bocós para chorar por você.
Sempre haverá uma pátria mãe gentil para lhe passar a mão na cabeça, uma Regina Duarte superprotetora, senhora dos fracos e dos oprimidos.
“Encontrei um cara doce, um homem dos anos 1950, como meu pai, e que faz brincadeiras homofóbicas, mas é da boca pra fora, um jeito masculino que vem desde Monteiro Lobato, que chamava o brasileiro de preguiçoso e que dizia que lugar de negro é na cozinha”, falou a ex-namoradinha do Brasil sobre o mito.
As agressões, insultos, ofensas “são imagens montadas, pois mostram a reação dele, mas não a de quem provocou a reação”.
Regina e sua tia fascista são a prova de que o Brasil precisa de um psicanalista, não de um presidente.