O conflito entre jornalismo e tecnologia. Por José Eduardo Mendonça

Atualizado em 2 de dezembro de 2016 às 7:24

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O entrelaçamento de interesses empre empresas imensamente poderosas de tecnologia e as organizações de notícias do mundo tem sido um problema para ambos os lados.

Ainda repercute a afirmação firme feita por Mark Zuckerberg, dono do Facebook, que sua companhia não é de mídia, mas de tecnologia. Jornalistas da Associação de Notícias Online, dos EUA, são céticos sobre a influência da tecnologia, mas conscientes da interdependência.

Um profissinal de tecnologia presente ao encontro recente da Associação, e que trabalha com redações internacionais, foi duro ao questionar os motivos e valores do Vale do Silício: “Não são nossos amigos. Estão interessados apenas em crescimento e dinheiro, e uma vez que as notícias dependam deles, vão fechar a torneira do tráfego e começar a cobrar”.

O desconforto mútuo neste novo pacto é sintomático de uma disfunção mais profunda e sistêmica em uma relação entre jornalismo e tecnologias de produção. As culturas do jornalismo e do desenvolvimento de software trabalham ostensivamente pela mesma meta -organizar a informação, informar o público, gerar dinheiro com publicidade-, mas são muito diferentes na maioria de seus aspectos, escreve Emily Bell na Columbia Journalism Review.

A mídia noticiosa está vendo seus modelos de negócios e processos de produção sendo refeitos por editores na web e mecanismos de busca. Em uma década, Google, Apple, Facebook e Amazon substituíram empresas de mídia com os mais importantes mecanismos de distribuição.

Todo  evento importante no mundo, como o bombardeio de Alepo, ou as eleições americanas, aparece primeiro nas mídias sociais e são vistos nas telas luminosas de nossos celulares. A riqueza e a influência gerada pelo Vale do Silício desvalorizou o capital da mídia tradicional, e cada vez mais o substitui completamente.

O Washington Post, por exemplo, foi vendido a Jeff Bezos, da Amazon, em 2013, quando seu dono, Don Graham, reconheceu que sua família não tinha mais recursos para manter o jornal relevante na era digital.

Há muitos tipos diferentes de tecnologistas e muitos tipos diferentes de jornalistas, e um grande número deles se cruzam. Os melhores jornalistas de dados são com frequência profissionais de talento, e os desenvolvedores mais criativos podem fazer muito mais progresso construindo aplicações futuras para as notícias, do que alguém cuja principal habilidade seja escrever ou fazer vídeos.

No lugar da hostilidade dos jornalistas pelos “techies” surgiu uma admiração e entendimento de que jornalistas com as habilidades técnicas certas têm a chave da sobrevivência e da saúde do setor. A diversidade de pensamento em como tratar matérias ou problemas mais difíceis na organização da reportagem e informação tornou sem dúvida o jornalismo melhor.

Facebook, Google, Snapchat e  Apple criaram modos novos para que as organizações de notícias distribuam seu jornalismo e, no caso do Facebook, novos meios de na verdade montar e contar histórias. Equipes enormes de desenvolvedores trabalham em aplicações de vídeo e fotografia que seriam difíceis para organizações individuais de  notícias, mesmo que elas quisessem.

Snapchat no caminho para a superpotência

O mercado espera a oferta pública inicial de ações (IPO) do Snapchat. A empresa busca levantar até U$ 4 bilhões, o que daria a ela um valor de U$ 25 bilhões a U$ 35 bilhões. Isto deve acontecer em março.

A iniciativa sinaliza o momento mais crítico da companhia, abrindo caminho para uma grande injeção de capital que a ajude a crescer e competir melhor com Facebook, Google e outros no reinado do vídeo social e mensagens móveis. Em sua última avaliação, em maio, estimou-se que o Snapchat valia U$ 18 bilhões. Um IPO de sucesso pode catapultar esta número, tornando-o um produto com poder duradouro e muita influência.

O IPO preparado pelo app pode ser o maior já feito no setor, e o maior desde o do Facebook. Facebook e Snapchat sempre tiveram uma dinâmica de irmão mais velho e irmão mais novo. Ambos tiveram origem em universidades,  cresceram rapidamente entre o público jovem e rapidamente iteraram seus produtos. O Facebook, no entanto, está sete anos à frente e já passou pela maior parte das dores do crescimento. O Snapchat chega à puberdade, mas com a energia desta fase da vida.

Em 2012, Mark Zuckerberg enviou um email para Evan Spiegel, co-fundador do Snapchat, o encontrou e teria oferecido U$ 3 bilhões pela companhia. O Snapchat tinha na época seis funcionários. Spiegel recusou.

Desde então o Snapchat continuou a crescer, e o Facebook tentou repetidamente recriar sua mágica, como com seu clone, o Poke, que fracassou. E mais recentemente vem lançando ferramentas quase idênticas às da concorrente.

O Facebook gastou muito tempo e esforço tentando copiar o Snapchat. Agora este vai tentar copiar o sucesso financeiro de Zuckerberg, comenta o Mashable.

Facebook testa anúncios em tempo real para vídeos ao vivo

A empresa tem investido para que seu produto Live se espalhe, a ponto de fazer anúncios públicos do serviço, ensinando para as pessoas como e quando usá-lo. Agora, testa anúncios em tempo real e companhias de mídia podem alertar pessoas para transmissões ao vivo.

No momento, marcas e empresas e comunicação estão promovendo seu conteúdo no Live através de posts patrocinados antes da transmissão ou uma vez que um vídeo termine. Os novos anúncios vão aparecer em feeds de notícias no momento do streaming ao vivo, dando a marcas e companhias a oportunidade de falar com as pessoas na hora.

Além do serviço de promoção em tempo real sendo testado agora, a plataforma introduziu streaming ao vivo programado no mês passado para, por exemplo, posts sobre uma transmissão próxima, informa o Digiday.